A concorrência entre Henrique Avancini e o mineiro Guilherme Muller, nas etapas da Copa do Mundo de mountain bike, passou longe no momento em que o primeiro, número dois do ranking mundial, teve, em 2018, a ideia de criar uma equipe e ser mentor de novos talentos da modalidade. Muller, que está cotado para ser o segundo representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, é um dos pupilos de maior categoria que tentam absorver todos os ensinamentos do maior nome do Brasil em todos os tempos em cima de uma bicicleta.

A Henrique Avancini Racing é formada por integrantes das equipes Caloi Team e Cannondale Brasil Racing, fornecendo aos ciclistas uma boa estrutura com profissionais de engenharia, mecânica, nutrição, fisioterapia, educação física e psicologia. O pai de Henrique, Ruy Avancini, tem a missão de ser o chefe das equipes. 

A ideia do projeto começou em janeiro desde ano e já tem despertado evoluções e uma visão mais ampla para quem tem o privilégio de beber na fonte de campeão mundial de maratona em 2018. "Foi importante ver de forma diferente situações de bastidores e pré-competição, tudo com um valor muito positivo. Percebo avanço em questões de prova, ajustes de equipamento e leitura de situações de corrida. Ele está na melhor equipe do planeta, é um cara que agrega muito, desbravou vários caminhos sozinho e consegue mostrar uma melhor direção de assuntos que fazem a diferença. Algo que ele precisou errar para aprender é passado pra gente em forma de atalho. O Avancini tem um olho clínico apurado para enxergar alguns detalhes e nos passa isso com muita clareza", indica o mineiro de 26 anos nascido em Monte Sião. 

Mesmo em blocos diferentes das etapas da Copa do Mundo, os dois estão em um nível almejado por muitos. Avancini reconhece o talento de Muller, ciente de que ele pode entregar ainda mais se o devido trabalho for feito de forma consistente e regular. 

"Ele já é um cara mais maduro, chegou pra trabalhar com a gente com mais experiência, almejando vaga olímpica. É um estágio bem diferente, conseguiu construir sua carreira de forma progressiva. Talvez nunca tenha chamado atenção da mídia como um destaque para a próxima Olimpíada, mas apresenta boa consistência na sua performance, sabe como entregar resultados e isso é mais difícil do que muitos pensam. O trabalho com ele é mais focado nos detalhes para potencializar seus resultados, isso será suficiente para ele ser um grande nome da modalidade. Com os outros jovens, a gente trabalha mais na construção da base, algo que o Muller já domina. Ele ainda é novo, apesar da sua maturidade fisiológica e psicológica. Sei que posso agregar bastante para ele na atual fase, é um cara com muito potencial", garante. 

Em busca de novos Henriques

Avancini deixa qualquer vaidade de lado por ser um dos tops do mundo e faz questão de usar seu conhecimento para acelerar o processo de novos nomes de destaque do mountain bike do Brasil. "A ideia é ajudar na formação de uma nova geração, não só para me substituir como para desenvolver atletas ainda melhores, que consigam marcas melhores que as minhas. Quero contribuir ao compartilhar conhecimento de forma gradativa, esperando que eles absorvam tudo, buscando seu próprio crescimento e suas experiências", conta. 

O atleta de Petrópolis espera que os novos talentos passem por menos dificuldades que ele enfrentou, com o caminho recebendo uma bem-vinda luz que não se abre para todos. " Faço isso porque sei que existe uma necessidade dos atletas que, muitas vezes, não sabem como gerenciar as ferramentas de performance e preparação para uma temporada. Eu entro como um facilitador para eles terem uma visão mais ampla. Quando você se torna capaz de analisar problemas por meio de uma visão externa, é possível resolver os desafios por conta própria. Tento aplicar isso no grupo pensando no rendimento individual de cada um, é algo que faz parte de um processo e não acontece da noite pro dia. O fluxo de informações gera um crescimento de qualidade em velocidade surpreendente", salienta.