De onde vem o queijo? Como chegou a Minas? Ainda há controvérsias para essa pergunta. Para José Newton Meneses, professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o queijo tem uma provável origem portuguesa, mas não se pode dizer exatamente de onde. “O queijo é comum a todas as culturas e ele vai adquirindo características específicas conforme a região. Há preocupação para saber a origem: se é do norte de Portugal, do centro, da Serra da Estrela, do arquipélago dos Açores, mas é impossível diagnosticar corretamente essa origem, porque não há registros históricos. Os primeiros registros do queijo em Minas são do século XVIII, quando os portugueses introduziram as primeiras vacas no território, mas ao longo dos anos a iguaria foi adquirindo personalidade de acordo com as regiões.
Nessa entrevista ao portal O Tempo, o historiador conta as curiosidades do queijo relacionadas à história e aos territórios. “Minas talvez seja a área desse processo histórico, talvez seja o espaço mais cosmopolita por ter o maior encontro de culturas diversas, apesar de a Coroa Portuguesa ter tentado impedir esse trânsito de pessoas no início do período da mineração. Minas foi a capitania mais populosa, a província mais populosa pós-independência e o Estado mais populoso da República. Se é populoso, demanda abastecimento e um mercado de consumo”, salienta.
Sobre o recente e importante título concedido aos modos de fazer do Queijo Minas Artesanal pela Unesco, Meneses explica: “o que é a patrimonialização do Queijo Minas Artesanal? É compreender sua construção histórica, seu valor como gosto alimentar, como saber, como fazer, identitariamente importante, porque o queijo identifica Minas. Ao compreender essas razões disso, você compreende por que foi guardado e usa instrumentos para guardar melhor”, acrescenta.