Inhotim

Desafio é integrar o hotel à linguagem e à proposta do Inhotim

Equipe do museu fará curadoria de arte; diária deve ficar entre R$ 1.700 e R$ 2.500

Por Paulo Campos
Publicado em 05 de março de 2024 | 09:50
 
 
 
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O desafio do Grupo Clara Resorts é levar ao interior a linguagem do Inhotim, sem perder a essência dos hotéis do grupo, hoje proprietária do Clara Eco Resort, em Dourado, e do Clara Ibiúna, em São Paulo. “A arte vai transbordar dentro e fora do hotel. O Inhotim me pediu para fazer a curadoria da arte no hotel, achei muito legal. Tenho formação de chef de cozinha, mas quem entende de arte são eles. Temos conversas de pegar dois, três quadros de uma exposição no museu e exibir no hotel para instigar o hóspede e de colocar na nossa lojinha o que vai ter na do Inhotim”, revela a Taiza Krueder, CEO do grupo.

O hotel do Grupo Clara Resorts em Ibiúna, no interior de São Paulo

Taiza destaca a mineiridade na decoração de interiores – a arquiteta Marina Linhares privilegiou mobiliários de empresas mineiras, como Líder Interiores e Reginez, e da paulista Franccino, todas com fábricas próximas do Inhotim; os pisos vêm da pedreira São João del-Rei; o paisagismo é do mineiro Felipe Pontes, destaque da Casa Cor 2022 com o espaço Jardim Infinito Coletivo. “Nossa proposta é trabalhar o máximo possível com as pessoas em volta da gente, da comunidade, com o mínimo de emissão de carbono”, comenta. Todos os quartos terão purificador de água (“só com essa ação, deixo de jogar 120 mil garrafas plásticas por hotel por ano na natureza”) e iluminação natural.

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Como uma chef que tem inspiração na culinária mediterrânea, Taiza Krueder disse querer oferecer aos hóspedes “comida de verdade, comida com gosto de comida”. Um restaurante-bufê ficará à beira da piscina, no espaço denominado Food Hall, com cozinha-show e serviço de bufê; o outro, à la carte, privilegiará diversas culinárias. “Não há muita diferença da comida mineira com a servida no interior de São Paulo. Tem tutu à mineira, feijão tropeiro, couve, a diferença é o preparo, que deixa a comida mais leve. Aqui, no Clara Inhotim, como nos outros resorts do grupo, todas as refeições e atividades serão inclusas na diária, menos as massagens e as bebidas alcoólicas”, informa.  

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Taiza não gosta, no entanto, de se referir ao Clara Inhotim como hotel-butique, de alto padrão. A diária a ser cobrada deve ficar entre R$ 1.700 e R$ 2.500, a mesma tarifa nos resorts paulistas de Dourado e Ibiúna. “Estou construindo um novo Clara Resorts no Inhotim. Não objetivo fugir do público que eu conheço”, esclarece. A empresária ressalta que não pode ter só o turista de final de semana que vem visitar o Inhotim. Além desse público, o foco do novo Clara é o segmento corporativo e de destination wedding (casamento), além das 35 mil famílias inscritas em seu programa de fidelidade. “Mas falo e repito: estou construindo um hotel para mineiros”, acrescenta.

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Da ocupação também dependerá, segundo Taiza, a segunda etapa do projeto. Até 2025, o Clara Resorts prevê expansão do hotel em terreno anexo, com a construção de 60 apartamentos, centro de convenções, restaurante, piscina, quadras de tênis, campo de futebol e outros equipamentos. A primeira parte deve ser entregue em novembro deste ano. “Como peguei uma obra parada, estou dando passos para trás para colecionar metros. O hotel tem toda a patologia de uma obra parada”, justifica o atraso das obras. Concluído, o Clara Resorts deve empregar cerca de 150 pessoas da região. Já o investimento total nos dois hotéis é de R$ 400 milhões nos próximos cinco anos. 

Bernardo Paz, idealizador do Instituto Inhotim, e Taiza Krueder, CEO do Grupo Clara Resorts  

“Mineiro é um povo bom de conversar, e encantam a comida, as pedras, as cidades históricas”, comenta Taiza. Quem a apresentou ao Inhotim foi a professora de arte Yara Dewatcher, que juntou um grupo em São Paulo para visitar o museu mineiro a céu aberto. Na lojinha, comprou pôsteres de Andréa Varejão, Tunga, Miguel Rio Branco, enquadrou e colocou no escritório no resort em Dourado. “Trabalhei oito anos olhando para esses quadros e nunca podia imaginar que eu ia ter um hotel aqui”. Mais tarde, na SP-Arte, feira de arte de São Paulo, descobriu que o Inhotim procurava um investidor para instalar um hotel. “Foi assim que vim parar aqui, de gaiato. Conheci Bernardo Paz, e foi amor à primeira vista”.

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