Das metrópoles latino-americanas, São Paulo é a que mais se renova a cada temporada. Há sempre uma novidade para o visitante: novas atrações, restaurantes, hotelaria. Parques, atrações culturais e bons restaurantes e bares logo vem à memória. Outra maneira de vislumbrar a cidade é do alto dos edifícios: os mirantes revelam novas paisagens e perspectivas.
Para o fotógrafo Eduardo Knapp, São Paulo é ainda a terra de abruptos contrastes, onde desigualdades sociais e econômicas estão presentes o tempo todo. A cidade vista de cima, enfatiza ele, não poderia ser diferente. "O contraste está lá e sempre. O centro impressiona com infinidades de edifícios e torres elétricas, ao mesmo tempo que grandes favelas como Paraisópolis e Heliópolis revelam seu lado que dá nó no estômago", destaca.
Para um carioca em "terra estrangeira" como o jornalista Bruno Tortorella, que morou na capital paulista por cinco ano e meio, São Paulo é a cidade que não dorme. "Viver em São Paulo é se adaptar a esse ritmo e se jogar de cabeça em uma cidade que tem sempre alguma atividade para preencher o seu dia, como a culinária requintada e as atrações culturais. São galerias, museus, exposições, peças e diversas outras expressões artísticas que estão por todo o lado", ressalta.
Nesse quesito, a capital paulista não deve nada a nenhuma metrópole do mundo. Nesta matéria, escolhemos dicas diferenciadas para você experimentar a paisagem, a cultura e a gastronomia da cidade em um feriado como o de 21 de abril, Dia de Tiradentes.
Sky Sampa
A exemplo de metrópoles como Chicago/EUA (The Ledge e John Hancock Tower), Dubai/Emirados Árabes (The View), Melbourne/Austrália (Eureka Tower) e Toronto/Canadá (CN Tower), a capital paulista também inaugurou sua plataforma de vidro em 2021, no 42º andar do Mirante do Vale, o segundo edifício mais alto da cidade, aos pés do viaduto do Anhangabaú.
Flutuar sobre a cidade traz sensações diversas, do frio na barriga à liberdade. O problema é o primeiro passo sobre o vidro que avança dois metros além da fachada: depois só é diversão e poses no espaço mais instagramável da cidade. A "floresta" de concreto dá uma dimensão do que é realmente São Paulo.
A experiência começa no térreo, com uma imersão audiovisual sobre a história de São Paulo e continua no 42º andar na cafeteria/bar e em cenários como as espreguiçadeiras e a vassoura de bruxa. O deck de observação em 360º graus traz vista de pontos incônicos como o Viaduto do Chá, o Farol Santander, os edifícios Copam e Martinelli, o Mosteiro de São Bento e a Estação da Luz.
Os dois cubos de observação suportam até 50 toneladas e outros estão sendo protejados para este ano. Ter São Paulo a seus pés é uma experiência curiosa, é entender um pouco como a cidade se projeta para dentro do espaço urbano e além dele. Que tal então ter São Paulo a seus pés por alguns segundos?
Sky Sampa: Mirante do Vale, ´praça Pedro Lessa, 110, centro histórico.Instagram / @sampasky. Funciona de terça a sexta-feira, das 11h às 18h30; sábado, das 9h às 19h; e domingo, das 9h às 17h. Ingressos entre R$ 50 e R$ 120 na plataforma
Sympla.
Drink no Terraço Itália
O Terraço Itália, um dos cartões-postais de São Paulo, garante um programa duplo: no 41º tem um mirante e no 42º um bar com sotaque italiano. Desde 20 de março, além da belíssima vista, o mixologista Alê D’Agostino assina uma carta de drinks, a cereja do bolo do complexo que tem ainda um restaurante de cozinha toscana.
Os destaques são os italianos Il Martino (martini com gin, aperitivo Bianco e destilado grego de uvas), Garibaldi (amaro, suco de laranja e espumante), Il Negroni del Maestro, (amaro bianco, red bitter, vermute tinto, gin, whisky defumado) e Isola, (licor de laranja, bitter, vermute rosso, rum envelhecido edestilado de uva). O preço médio dos drinks é R$ 60.
Terraço Itália: avenida Ipiranga, 344, centro. Abre diariamente das 12h às 16h e das 18h às 23h. R$ 50 (adulto) e R$ 25 (12 a 17 anos). Bar do Terraço: abre de segunda a sexta-feira. das 15h às 0h; sábado, das 12h à 1h; e domingo e feriado, das 12h às 23h. Reservas pelo whatsapp (11) 2189-2940.
Experiência gastronômica no Terraço Jardins
Pertinho da avenida Paulista, o hotel
Renaissance revela uma experiência gastronômica que passeia pela culinária brasileira com a desenvoltura e a elegância do chef Rafael Vieira. Recentemente, o espaço dedicou-se a enaltecer a culinária caipira e caiçara, valorizando produtores locais e ingredientes nativos do bioma da Mata Atlântica. Depois da repaginada em 2021, ganhou leveza tanto na composição dos pratos quanto na decoração do espaço, com móveis mais modernos e decoração de plantas.
De imediato, o garçom — que, por sinal, tem informações na ponta da língua sobre os pratos — leva à mesa um pão levain (fermentação natural, R$15) para aguçar o paladar. Se curte um petisco, peça como entrada um pastel de angu recheado com queijo provolone e orégano, brotinho de agrião e mel de guaraipo — raro por essa região, de uma abelha quase praticamente extinta no ambiente natural — ou o bolinho caipira de carne e milho com molho de pimenta (R$ 48).
A entrada é pura poeticidade: salada de pancs, flores e caju com castanha de caju e mel de Jataí (cru) a R$ 56. Para prato principal, recomendo peixe do dia com chips de banana da terra e molho de moqueca (R$ 92) ou o nhoque de banana da terra com camarão, alho confitado e tomate cereja (R$ 76). Entre as seis opções de sobremesa, escolhi o arroz doce queimado, cumaru e leite condensado (R$ 27), mas se não resistir experimente também o "Pingado", que une dois de nossos principais produtos, o café (creme) e o queijo (ricota artesanal) a R$ 23. Mias mineiro impossível! Tudo para se comer de joelhos!
Terraço Jardins: Renaissance São Paulo Hotel, na alameda Santos, 2233, Jardim Paulista. Abre de segunda a sexta-feira, das 12h às 15h para almoço; sábado e domingo, das 12h15 às 15h para brunch; e de terçaa sabado, das 19h às 23h para jantar.
Capela Sistina
A Sistina é uma capela situada no Museu do Vaticano e é famosa por sua decoração em afrescos. Estão lá obras de Boticelli, Perugino, Cosimo Rosselli, Lucas Signorelli e, é claro, Michelangelo, um dos expoentes do enascimento italiano, autor da célebre escultura de "Davi".
Se você não pode visitar in loco a capela, o MIS propõe uma imersão na exposição "Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina". Não só reproduz o maravilhoso afresco do teto, mas os mosaicos no piso. A mostra dedica 14 salas ao artista, uma com informações sobre construção da capela, suas tradições e seu uso pelo Vaticano, com destaque para uma maquete e uma réplica da chave da igreja.
A curadoria é do professor e historiador de arte Luiz Marques, que utiliza recursos de alta tecnologia de animação e sonorização. Uma das salas reproduz em larga escala o ateliê do artista, apresentando gravuras gigantes das obras, cartas, manuscritos e documentos sobre o processo de desenvolvimento dos afrescos.
Há, ainda, uma curiosa sessão dedicada a explicar o Conclave, a reunião de cardeais que decide sobre a escolha de um novo papa e que ocorre no interior da capela. O visitante também aprende um pouco sobre a técnica do afresco, que é mais complexa do que se imagina.
Um dos destaques é "O Juízo Final", obra que se localiza originalmente na parede logo atrás do altar onde o papa reza suas missas na capela. Na seção escultura, estão réplicas da "Madonna de Escada" (1491), a primeira escultura de Michelangelo, e da obra-prima “Pietà” (1552). É realmente uma atração imperdível para quem visita a cidade. Para chegar até lá, um ônibus sai do terminal de metrô Barra Funda para levar os visitantes ao museu, o que facilita a locomoção.
"Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina": MIS Experience (rua Cenno Sbrighi, 250, Água Branca). Até 30/4. Terças, quartas, quintas, sextas e domingos, das 10h às 18h; e sábados e feriados, das 10h às 19h. Ingressos gratuitos (terças, sujeito à lotação), quartas às sextas (R$ 30/inteira e R$ 15/meia), sábados, domingos e feriados (R$ 50/inteira e R$ 25/meia. Crianças até 7 anos não pagam.
Parque Augusta
Sâo Paulo tem 113 parques, sendo 106 deles mantidos pela administração municipal. O mais famoso é o Ibirapuera, na zona sul. Para fugir do lugar-comum, vale a pena se deslocar para outras regiões da capital. O Augusta – Prefeito Bruno Covas é o mais novo parque de São Paulo. Foi inaugurado em novembro do ano passado na rua homônima, entre Consolação, Caio Prado e Marquês de Paranaguá.
Com 23 mil m², o aprazível espaço no centro da cidade conta com bosque, arquibancada para apresentações, cachorródromo, playground, deck elevado e equipamentos de ginástica. Há, ainda, um redário, um espaço para a prática de slackline e uma trilha de 713 metros. Duas construções antigas, que são tombadas, foram restauradas ´portal de entrada na rua Caio Prado e a Casa das Araras, que vai abrigar atividades educativas e exposições. O destaque é para o gramado que funciona como uma "prainha" – normal presenciar os moradores com trajes de banho.
As obras foram paralisadas por um ano pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) depois que se identificou potencial arqueológico na área, ou seja, resquícios de antigos povos indígenas. Os paulistanos consideram que o parque mudou a atmosfera do centro. Uma das vantagens de visitá-lo é o fácil acesso: perto da estação de metrô e da praça Rossevelt.
Parque Augusta: aberto diariamente das 5h às 21h. Acesse Instagram / @parqueaugusta.sp ou o site
Parque Augusta. Entrada gratuita.