Foram suspensas, na noite deste sábado (28 de dezembro), o trabalho de buscas que era realizado pelo Corpo de Bombeiros em busca de novas vítimas do desabamento de uma casa de dois andares que matou três pessoas nesta tarde no bairro Paraíso, na região Leste de Belo Horizonte. Os trabalhos serão retomados na manhã de domingo (29).
Segundo o tenente Marco Moura, da corporação, as buscas foram interrompidas devido à chuva que atinge a capital e, também, por conta do anoitecer, o que não permitiria que os trabalhos continuassem com segurança.
"A gente não descartou ainda a existência de uma quarta vítima. Tudo indica que não há, a gente passou com os cães novamente, fez mais um trabalho de rompimento do material para fazer uma busca em profundidade. Mas vamos retomar amanhã pela manhã, logo cedo, para uma última busca", informou o militar.
Até a tarde deste sábado, os militares tinham localizado os corpos de três idosas, com idades aproximadas de 60, 70 e 80 anos. Porém, conforme o relato de moradores, um sobrinho das mulheres de cerca de 36 anos teria sido visto no imóvel instantes antes do desabamento.
Conforme o Corpo de Bombeiros, no domingo as buscas serão retomadas com os cães para tentar localizar a possível quarta vítima da tragédia.
Defesa Civil sabia de danos estruturais desde 2022
Os danos estruturais da casa de dois andares que desabou não eram novidade para a Defesa Civil da capital mineira. O órgão informou que sabia da existência de "trincas, rachaduras e infiltrações antigas", inclusive com "ferragens expostas em lajes, vigas e paredes", desde julho de 2022, quando realizou uma vistoria no imóvel. Apesar da situação, a casa não foi interditada, segundo o órgão municipal, pois não existia "risco iminente de desastre".
A informação de que os problemas foram constatados no dia 16 de julho de 2022, quase 2 anos e meio antes do desabamento, foi divulgada pela própria Defesa Civil de BH, por meio de uma nota. No texto, o órgão informa que a vistoria de risco de imóvel abrangeu "dois imóveis multifamiliares localizados no lote", na rua Isaura Possidônio.
"No imóvel frontal, com dois pavimentos, foi constatada a ausência de manutenção preventiva. Foram identificadas trincas, rachaduras e infiltrações de longa data. No pavimento superior, verificaram-se infiltrações intensas na laje, deterioração de tijolos e ferragens expostas. Durante a vistoria, a moradora informou a existência de uma antiga cisterna próxima ao imóvel, coincidindo com as áreas de maior comprometimento estrutural", escreveu a Defesa Civil.
Perguntada sobre a possibilidade deste imóvel ter sido interditado após a fiscalização realizada em 2022, a Defesa Civil de Belo Horizonte respondeu que "só retira as pessoas de seus imóveis em risco iminente de desastre". Questionada por O TEMPO sobre quais os critérios para definir a existência de "risco iminente de desastre", o órgão não se posicionou até a publicação desta reportagem.
Ainda de acordo com a nota divulgada na noite deste sábado (28) pela Defesa Civil de BH, diante das "condições observadas" na casa durante a vistoria, os técnicos concluíram pela necessidade de "intervenções técnicas urgentes" para assegurar a estabilidade do imóvel e prevenir riscos iminentes de desabamento.
O desabamento
Até o início a noite deste sábado, o Corpo de Bombeiros tinha confirmado as mortes de três idosas - de cerca de 60, 70 e 80 anos - no desabamento. Porém, ainda era verificada pelos militares a possibilidade de também estar soterrada uma quarta vítima, um sobrinho de 36 anos das mulheres mortas.
O imóvel de dois andares desabou no início da tarde. No momento do incidente, todas as nove regionais de BH estavam sob risco geológico alto, após a cidade ser atingida por mais de 100 mm de chuva em um intervalo de quatro dias.
Uma força-tarefa montada pelos bombeiros, com cerca de 31 homens, e segue em busca da possível quarta vítima. Nos trabalhos são utilizados equipamentos pesados, que possuem a capacidade de cortar pedras, além de cães farejadores.