Com a nova prisão decretada nos últimos dias pela Justiça, voltou aos holofotes o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", que se tornou conhecido após, em 2013, ser condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato de Eliza Samudio, a mando do goleiro Bruno Fernandes. Porém, a modelo com quem o jogador de futebol teve um filho não foi a única vítima do homem, que é apontado como "assassino de aluguel". 

Preso na noite da última quarta-feira (3 de julho), o criminoso foi levado para o presídio de Lagoa Santa. Desta vez, a prisão ocorreu pelo homicídio do motorista Devanir Claudiano Alves, ocorrido em julho de 2009 no bairro Juliana, na região Norte de Belo Horizonte.

Conforme a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o ex-policial foi contratado pelo comerciante Antônio Osvaldo Bicalho para executar a vítima, um motorista com quem a sua esposa estaria tendo um caso extraconjugal

No dia do crime, Devanir caminhava distraidamente, próximo à sua casa, quando foi abordado por "Bola". Para completar a "missão", o assassino de aluguel cumprimentou o homem, para se certificar de sua identidade, atirando e fugindo em seguida. Em 2019, o ex-policial foi condenado a 16 anos de prisão, enquanto o mandante do crime recebeu uma pena de 14 anos de reclusão. A prisão desta quarta ocorreu após se esgotarem os recursos dessa condenação. 

Carcereiro

Porém, antes desta condenação, quando ainda estava preso pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, "Bola" foi condenado a outros 12 anos de cadeia, em julho de 2016. Desta vez, ele respondeu pelo assassinato do carcereiro Rogério Martins Novelo, morto em maio de 2000 em Contagem, na região metropolitana da capital mineira. 

O ex-policial chegou a ser inocentado em 2012 do crime, porém, o MPMG recorreu da decisão e, quatro anos depois, ele acabou condenado. No dia do crime, a vítima estava dentro de um veículo, em frente ao seu local de trabalho, quando foi baleado. Assim como nos outros casos, o homicídio foi encomendado, já que, segundo os promotores, suspeito e vítima não se conheciam. 

"Bola" foi reconhecido pela irmã do carcereiro morto, que presenciou o assassinato. Ela o identificou depois de ver sua imagem na imprensa devido ao envolvimento na morte da modelo.

Caso Bruno

Foi somente em 2010, após o desaparecimento da modelo Eliza Samudio ser relacionado ao ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, que, na época, atuava no Flamengo e estava prestes a ser vendido para o futebol europeu, que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos se tornou conhecido do grande público. 

Segundo a acusação, Bruno teria ordenado a morte de Eliza para evitar o pagamento de pensão alimentícia ao filho que tiveram juntos. A condenação de Bola se baseou em depoimentos de testemunhas e provas circunstanciais que ligavam o ex-policial ao desaparecimento e morte de Eliza. O corpo da vítima nunca foi encontrado.

Torturas com uso de cães

Expulso da Polícia Civil em 1992, após se tornar conhecido, "Bola" também foi envolvido no desaparecimento de dois homens, ocorrido em 2008. Em 2010, denúncias feitas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) relacionaram o ex-policial ao sumiço de Paulo César Ferreira, de 37 anos, e Marildo Dias de Moura, de 30. Um ano antes, o caso tinha sido repassado também à corregedoria da instituição policial. 

Aos deputados, uma testemunha contou que os homens foram raptados e executados por Marcos Aparecido, junto de um subinspetor e outros dois policiais que integravam o já extinto Grupo de Resposta Especial (GRE), uma equipe de elite da Polícia Civil. 

Um ano depois, um inspetor da instituição policial denunciou o subinspetor envolvido aos corregedores, após o colega de profissão ter confessado que o GRE executou os dois homens, após torturá-los usando cachorros, antes de esquartejá-los e queimarem os restos mortais.

Durante as investigações da morte de Eliza Samudio, uma testemunha chegou a apontar que a vítima teria tido partes de seu corpo dado para os cachorros da raça Rottweiler, que eram criados por "Bola" no sítio em Esmeraldas onde a modelo teria sido morta. Anos depois, a polícia descartou essa possibilidade