Março ainda não terminou, mas, até essa segunda-feira (27), 12.545 crianças menores de 14 anos precisaram de atendimento médico no mês em centros de saúde de Belo Horizonte com sintomas respiratórios. O número representa um aumento de 234% em relação a todo janeiro, quando foram 3.746 registros. Em fevereiro foram 9.349.
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (28) pela subsecretária de Atenção à Saúde de Belo Horizonte, Taciana Malheiros. Ela relaciona o aumento da procura à antecipação do "período sazonal das doenças respiratórias". "É o momento com maior circulação dos vírus. Acionamos o plano de contingenciamento, com abertura de centros de saúde aos sábados", detalhou.
A divulgação dos dados ocorreu em meio à greve dos médicos. Alguns profissionais cruzaram os braços nesta terça-feira para pedir recomposição salarial e reclamar de sobrecarga por falta de profissionais. Segundo a subsecretária, o movimento afetou os atendimentos, mas não é possível precisar o impacto.
O sindicato que representa os médicos citou uma adesão de 70% dos profissionais à paralisação. A percepção da prefeitura é de que esse número é menor. Apesar disso, quando publicada a matéria, o município não possuía dados sobre quantos médicos se ausentaram do trabalho nesta terça.
"Toda vez que ocorre uma mobilização — que é legítima — afeta a assistência, principalmente neste momento em que há aumento da busca da população [por atendimento], tanto do público infantil quanto do adulto", afirmou a subsecretária.
Conforme a subsecretária, Belo Horizonte dispõe, atualmente, de 84 médicos pediatras que trabalham em centros de saúde. Além disso, há 593 equipes, com médicos generalistas, que auxiliam no atendimento a crianças nesses espaços.
Dentre atenção primária, especializada e urgência, o município conta, atualmente, com 253 pediatras. "Isso muda muito porque a contratação é diária. A dinamicidade é muito grande", analisa Taciana, que admite que a especialidade é uma das carências do município.