Em busca de uma oportunidade de trabalho, ao menos 200 pessoas formam uma fila, na manhã desta terça-feira (7), na porta de uma empresa do bairro Aparecida, na região Noroeste de Belo Horizonte.
A empresa, localizada na avenida Américo Vespúcio, presta serviço terceirizado para a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), da Prefeitura de Belo Horizonte. A princípio, as vagas são temporárias para o serviço de varrição durante o Carnaval.
Morador de Venda Nova, o idoso Esdras Morais Silva, de 62 anos, passou a noite na rodoviária da capital mineira para chegar na fila ainda nesta madrugada. Pegou a senha de número 37.
"Cheguei aqui às 4h40. Para vir mais rápido, fiquei lá na rodoviária. Sou pedreiro, eletricista e bombeiro hidráulico e estou desempregado há dois anos", contou.
Para o homem, as empresas deveriam criar mais oportunidades para idosos. "Pego qualquer vaga. Nunca é tarde, as empresas discriminam muito por causa da idade. Isso não deveria existir, a gente consegue fazer muita coisa", afirmou.
'Saí de casa, e não tinha pão para os meus filhos comerem'
A jovem Bianca Eduarda Coutinho, de 26 anos, saiu de casa, no bairro Alto Vera Cruz, região Leste da capital, às 4h30. A carteira de trabalho dela foi assinada pela última vez em 2017.
Com dois filhos, de 4 e 9 anos, e o marido em casa parado devido à operação, a dona de casa tem a esperança de ser uma das contratadas.
"Eu não tenho profissão certa, o que vier estou pegando. Uma prima minha já trabalha na varrição e disse que teria vaga. A gente vai se virando do jeito que pode, o orçamento pesa muito. Hoje eu saí de manhã e não tinha um pão para os meus filhos comerem. Isso dói muito, vê os filhos pedindo e não ter como comprar", disse Bianca, muito emocionada.
O jovem Every Felipe, 23 anos, saiu do bairro Baronesa, em Santa Luzia, na região metropolitana da capital, às 5h20, e chegou ao local do processo seletivo no início da manhã.
"Estou desempregado há três anos, já trabalhei como auxiliar de pedreiro, vendedor de porta em porta. Todas as áreas estão difícieis. Eu e minha esposa moramos em um cômodo com um banheiro, ela que está segurando as despesas em casa. É uma parceria", contou.
Para chegar em Belo Horizonte, ele contou com ajuda de outras pessoas para pagar a passagem. Segundo Every, para ir e voltar, ele gastaria cerca de R$ 40 apenas com o transporte público.
"Independemtemente do horário do trabalho, do salário, eu estou disposto a pegar o serviço. Já vai ajudar muito", finalizou.
Detalhes como número de vagas, salário e benefícios não foram divulgados. A previsão é que o processo seletivo continue até o fim desta semana.