A adolescente Luana Rafaela Oliveira Barcelos, de 12 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (3). A garota estava internada no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, desde domingo (30), após ser baleada por um eleitor de Bolsonaro inconformado com o resultado da eleição para presidente. O óbito foi confirmado por uma prima da vítima.

“A morte foi agora na parte da manhã. Só Jesus para consolar nossos corações porque não está fácil. É muito difícil. Muito triste tudo isso que aconteceu”, disse Paula Adriane Barcelos Nunes, de 29 anos. Luana e outras quatro pessoas foram baleadas por um homem, de 36 anos, no bairro Nova Cintra, na região Oeste de BH. Pedro Henrique Dias Soares, de 28, também não resistiu aos ferimentos.

Tristeza e revolta são os sentimentos pertinentes nos familiares de Luana. “O rapaz que atirou é nosso conhecido, cresceu junto de nós. Jamais pensávamos que ele fizesse algo do tipo. Eu estava deitada [quando ele atirou] e só escutei o barulho. Quando fui ver o que tinha acontecido, encontrei minha prima sangrando e vomitando bastante”.

A adolescente era filha única do pai. “Meu tio está arrasado. A mãe dela tem outros dois filhos, mas também está muito mal. É desesperador tudo isso”. Ainda não estão definidos os horários do velório e sepultamento. A família cobra por justiça. “O atirador fala que teve um surto. Nós só queremos que a justiça seja feita”, finalizou.     

Homenagens

Pelas redes sociais, amigos da adolescente prestaram homenagens. “Hoje o céu ganha mais uma estrelinha! Meu Deus! Eu não consigo acreditar que você se foi. Vou sentir muito a sua falta. Você foi uma menina maravilhosa, amiga, um amor de pessoa”, escreveu uma conhecida ao compartilhar uma imagem da adolescente.

Suspeito alegou que ficou "desorientado"

O homem apontado como autor dos disparos foi preso e confessou ter atirado. Ele disse que passou o dia ingerindo bebidas alcoólicas na casa de um familiar, até que, em dado momento, ficou "desorientado", foi para casa e pegou as armas. Ele alegou ainda que sofre de ansiedade e outros problemas psiquiátricos, mas que há 1 mês não faz uso de medicamentos.

Na versão dele, armado, foi até um beco próximo para "tirar satisfação" com indivíduos que sempre usavam drogas no local. Conforme o depoimento dado pelo suspeito aos PMs, ao não encontrar ninguém no beco, ele continuou andando e, em uma rua, resolveu atirar de forma indiscriminada. Foi neste momento que atingiu duas pessoas, uma adolescente de 12 anos e uma mulher de 40. As duas foram socorridas para a UPA Oeste. 

Logo depois, ele passou pela casa de amigos de Pedro Henrique, onde ele, sua mãe, uma prima e outros conhecidos - a maior parte deles eleitores de Bolsonaro - confraternizavam após a eleição. O homem teria pedido para as pessoas se deitarem no chão e, após eles obedecerem, teria dito "vou atirar assim mesmo" e atirou nas vítimas.

O jovem, eleitor do PT e que usava um adesivo segundo amigos, foi atingido no abdômen e no ombro e acabou não resistindo, falecendo antes de dar entrada no hospital. Além dele, também foram atingidas a mãe do rapaz, de 47 anos, e uma prima dele, de 40.