Dinheiro público

Prefeitura gastou R$ 20 milhões com modificações para corrida de Stock Car em BH

Questionada sobre os gastos, a PBH não respondeu, se limitando a dizer que as dúvidas acerca da Stock Car foram respondidas em coletiva de imprensa na quarta-feira

Por José Vítor Camilo e Lucas Gomes
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 | 16:00
 
 
 
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Para além do corte de 63 árvores no entorno do Mineirão para realização da Stock Car em Belo Horizonte, que vem gerando protestos desde a última quarta-feira (28 de fevereiro), as demais modificações para garantir que a corrida ocorra no local geraram um gasto total de R$ 20,3 milhões, pagos com dinheiro público, pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O problema foi levantado pela deputada federal, e pré-candidata à prefeitura, Duda Salabert (PDT), durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (29) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Em ordem de serviço publicada no último dia 19 de fevereiro no Diário Oficial do Município (DOM), a PBH anunciava a empresa vencedora da licitação para "engenharia de adaptação do entorno do Mineirão para utilização como circuito automobilístico temporário". Confira clicando aqui todos os detalhes do evento, com ilustrações. 

"Compreendendo a melhoria da infraestrutura, em especial, a restauração funcional do pavimento e dispositivos de segurança para o evento, e ainda, a reconstituição de mobiliário urbano, infraestrutura de acessibilidade e drenagem que serão removidas para a prova automobilística, devolvendo ao local as condições preexistentes após a realização da etapa da Stock Car Pro de 2024", continua o município.

O valor vencedor da concorrência foi de R$ 20.375.000, sendo que o percurso da corrida tem apenas 3,2 quilômetros de extensão, conforme os organizadores do evento. "Entramos também com ação no TCE para impugnar a licitação de mais de R$ 20 milhões, que objetiva, de modo irregular, suprimir as árvores e transformar o entorno do Mineirão em um autódromo. A Licitação ocorreu sem prévio licenciamento ambiental e sem prévia anuência da prefeitura de BH e do IPHAN, além de inúmeras irregularidades", disse a deputada Duda Salabert durante a assembleia.

Prefeitura não deu detalhes sobre o gasto

A reportagem de O TEMPO questionou a PBH sobre o investimento de R$ 20 milhões para a realização da corrida na cidade. Em nota, sem ao menos citar o gasto alvo da solicitação, o município apenas enalteceu os "benefícios" que a realização do evento trará para a cidade.

"A inclusão de Belo Horizonte no calendário da Stock Car Pro de 2024 promove o turismo, movimenta o mercado local e proporciona o desenvolvimento de esportes automobilísticos na capital mineira.  Cálculos realizados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead), da UFMG, estimam que a realização do evento terá um impacto positivo de cerca de R$ 1 bilhão em 5 anos, além de gerar mais de 1,5 mil empregos temporários em diversas áreas, tais como montagem da estrutura e logística, alimentação e transporte.  O evento é transmitido ao vivo para 153 países, gerando visibilidade mundial para a cidade". defendeu.

A prefeitura foi novamente questionada sobre o gasto milionário do dinheiro público, mas se limitou a dizer apenas que o superintendente de Desenvolvimento da Capital, Henrique Castilho, e o secretário de Meio Ambiente, José Reis, participaram de coletiva de imprensa na quarta e que eles responderam "a todos os questionamentos". O TEMPO acompanhou a coletiva e, em momento algum, os secretários falaram sobre os gastos municipais.

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