Abordagens

Violência policial: relembre denúncias em Minas Gerais durante 2023

De janeiro a dezembro, houve ocorrências de agressões e mortes, em que familiares e testemunhas afirmam que houve erros e excessos nas abordagens

Por Juliana Siqueira
Publicado em 27 de dezembro de 2023 | 11:57
 
 
 
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Nesta quarta-feira (27 de dezembro), um suposto caso de violência policial no bairro Goiânia, na região Nordeste de Belo Horizonte, ganhou bastante repercussão. Câmeras de segurança e de testemunhas flagraram dois adolescentes de 17 anos sendo agredidos pelos agentes. Um dos jovens pilotava uma moto, e segundo a Polícia Militar, não obedeceu a uma ordem de parada.

Este não foi o único caso de suposta violência policial ao longo de 2023 em Minas Gerais. De janeiro a dezembro, houve ocorrências de agressões e mortes, em que familiares e testemunhas afirmam que houve erros e excessos nas abordagens (veja mais abaixo).

De acordo com o especialista em segurança Arnaldo Conde, quando o assunto é violência policial, cada situação é única e precisa ser analisada dessa forma. No entanto, ele lembra que a polícia tem de perseguir a mentalidade de ganhar a confiança da população, até para conseguir auxiliá-la, e deve trabalhar para isso. Além disso, a PM deve ser vista como protetora, não como guerreira, segundo ele. 

“A situação é delicada. A abordagem é o momento mais difícil que os policiais encontram. Os militares são submetidos a muito estresse e precisam de treinamento constante para lidar com esse tipo de situação”, diz ele.

Relembre casos de supostas agressões policiais

  • 26 de março - Moradores do bairro São Tomaz, na região Norte de Belo Horizonte, denunciaram uma suposta abordagem truculenta da Polícia Militar contra um jovem. Vídeos mostram militares dando socos no abordado enquanto um policial o enforca com um “mata-leão”. Após as agressões, as imagens mostram o jovem de 20 anos sendo carregado pelos braços e pelas pernas aparentemente desmaiado. Na sequência, ele  é colocado na viatura. A PM alegou que “foi abordado um indivíduo conhecido no meio policial pelo envolvimento com a criminalidade. Procedemos a abordagem ao suspeito e foram localizados alguns materiais. No momento de algemar o indivíduo, este resistiu e tentou investir contra os militares, porém foi contido com o apoio das demais guarnições”, diz trecho da ocorrência.
  • 30 de julho - Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas e dez foram presas durante uma ação da Polícia Militar para "acabar" com uma festa que acontecia em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais. Segundo os moradores, policiais chegaram ao local atirando e feriram, inclusive, idosos e uma mulher com um bebê no colo. Os moradores afirmam ainda que um homem foi baleado na perna por um projétil de calibre .40, e que uma arma, que foi apreendida pela corporação, teria sido “plantada” para justificar a ação truculenta. Por nota, a PM alega ter sido atacada pelos moradores. 
  • 2 de agosto - Um cigarro feito artesanalmente com tabaco pode ter sido o motivo que levou o então estudante do 6º período de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a ser agredido e preso pela Polícia Militar no centro de Belo Horizonte. Na versão da polícia, que apreendeu o cigarro com a suspeita de ser maconha, o jovem teria resistido à abordagem e cuspido nos policiais militares.
  • 19 de setembroFamiliares de uma mulher de 30 anos, diagnosticada com esquizofrenia, denunciaram truculência da Polícia Militar durante abordagem em uma casa no bairro Nova Granada, na região Oeste de Belo Horizonte. A vítima foi baleada pelos militares e socorrida para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Conforme familiares, a polícia chegou até a casa onde a mulher vive com a mãe, de 66 anos, e com o irmão, após vizinhos escutarem uma confusão. A mulher teria tido uma crise e ameaçado a idosa. Um familiar questiona o fato de os militares terem atirado contra a mulher durante a abordagem. Conforme boletim de ocorrência, os policiais atiraram depois que a mulher ameaçou um militar.
  • 10 de dezembroUm homem morreu na Aldeia Xakriabá, em São João das Missões, no Norte de Minas. Ele foi baleado durante confronto entre policiais militares e pessoas que participavam de um evento. A líder indígena Célia Xakriabá acusa violência policial. Já segundo a PM, militares foram acionados por um integrante da reserva indígena. O motivo seria uma "atitude suspeita" de indivíduos na região. Os militares afirmam que foram recebidos com hostilidade, mas como não foi constatada irregularidade, liberaram as pessoas. Mais tarde, a PM teria sido acionada novamente, para intervir em uma briga generalizada. Ao chegarem, os militares dizem que foram atacados com cadeiras, garrafas e tiveram que fugir em um carro particular, porque tiveram a viatura depredada. Os militares usaram spray de pimenta e atiraram contra as pessoas. O homem foi atingido e morreu.

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