Concessionárias de Belo Horizonte já sentem o impacto do fim do programa de incentivos do governo federal para a compra de carros 0 km. Neste fim de semana, os vendedores comercializam os últimos veículos com redução do preço. Contudo, a procura já é menor do que a registrada nos últimos dias.

O cenário é apresentado pelo gerente da Roma Fiat Contagem, Flávio Zolio. “Sentimos redução da procura. Na semana passada, estávamos com um movimento muito bom. Hoje, ainda estamos com carro no estoque para vender, mas o movimento já caiu bastante”, detalhou. 

Segundo Zolio, a concessionária chegou a registrar 50 passagens por dia durante o período de vendas aquecidas com o programa de incentivo do governo. “Neste sábado, passaram cerca de 15 pessoas aqui. Um volume acima do normal de um sábado, que é de 8, 9, por aí, mas longe da bonificação que estávamos antes”, prosseguiu. 

O cenário de redução da procura foi semelhante na concessionária Roma Renault Contagem. “Percebemos uma redução grande. Vínhamos de um célico de passagem de 10 a 15 clientes. Hoje, tive minha primeira passagem às 11h. Diminuiu bastante”, afirma a gestora de vendas Luana Dias, de 39 anos. 

Luana acredita que a concessionária seguirá tentando manter descontos, embora admita que seja difícil igualar incentivos tão altos quanto os dados pelo governo. “É tudo muito incerto”, afirmou. 

Segundo o consultor de vendas da Catalão Marcelo Vinícius, a concessionária não tem mais todos os modelos de carro com desconto. “Estamos sentindo impacto. Muitos clientes estão procurando as concessionárias, e, para alguns carros não temos mais com desconto. Temos alguns, mas não todos os modelos”, afirmou. 

Para o gerente da Reauto Volkswagen em Contagem, Marco Túlio, embora o programa do governo tenha sido positivo, houve falhas na comunicação sobre como, de fato, seria a iniciativa. "O plano foi excelente. A gente só teve algumas dificuldades, porque algumas informações ficaram truncadas: os prazos de validade, a verba disponível. Isso impactou no próprio consumidor, que ainda tem dúvidas", detalhou.

Oportunidade 

O engenheiro Fernando Rodrigues, de 33 anos, encontrou nos descontos o momento ideal para comprar um veículo 0 km. Neste sábado, ele procurou uma concessionária, disposto a adquirir um novo veículo, sonho que ele tem há três anos. "Foi um incentivo a mais. Estava juntando há bastante tempo, e agora surgiu essa oportunidade. Demorei a me decidir, mas hoje vou comprar", diz.

A advogada Thaís de Oliveira, de 39 anos, procura um carro de valor acima do programa de isenção do governo. Apesar disso, ela considera que, indiretamente, o benefício aqueceu o mercado e as concessionárias ofereceram promoções também para veículos mais caros. "As montadoras viram crescer a demanda", afirmou. 

O biomédico Matheus Brasil, de 23 anos, vê como importante o programa de incentivos do governo, mas afirma que, para ele, não compensa comprar um carro 0 km, mesmo pelo preço da redução. "Acho que pelo valor que reduziu e nos modelos que mais reduziu, vale mais procurar versões mais completas em carros seminovos", analisa.

Programa de incentivos 

O anúncio do término do incentivo para as montadoras foi confirmado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Segundo ele, foram vendidos 125 mil veículos desde que o programa foi implantado, no mês passado, sendo 95 mil para pessoas físicas. Alckmin considerou que a iniciativa foi um sucesso.

Inicialmente, o governo federal disponibilizou R$ 500 milhões em créditos tributários às montadoras. Com a alta demanda registrada no setor, acrescentou outros R$ 300 milhões, totalizando R$ 800 milhões.