Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, poderá ser a próxima cidade a sofrer com a redução da produção da Vale. Anteontem, a prefeitura de Mariana, na região Central, decretou estado de calamidade financeira no município e suspendeu diversos serviços essenciais.
De acordo com o prefeito da cidade e presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG), Vitor Penido, até este mês não há alteração nas receitas do município. “Mas, a partir do mês que vem, são R$ 9 milhões, R$ 10 milhões a menos na minha receita”, diz.
Em torno de 40% da arrecadação da cidade vem da mineração – e o prefeito não descarta que o impacto financeiro gere cortes no funcionalismo público do município.
Segundo Penido, a redução nos salários dos servidores já havia sido feita antes do desastre da Vale. “Nova Lima tinha uma folha de R$ 28 milhões, hoje caímos para R$ 22 milhões. Agora, essa pancada de perder não só a arrecadação de Cfem, como ISS e ICMS, inviabiliza os serviços que prestamos em Nova Lima hoje”, reclama.
A redução na arrecadação afetará postos de trabalho e orçamento das áreas de saúde e educação. “Vou ter que cortar mais ainda os funcionários. A saúde pode ser afetada, uns 30% disso aí. A educação da mesma forma”, afirma ele.
Penido, no entanto, espera chegar a uma solução na reunião com a diretoria da Vale que ocorrerá depois de amanhã. Se isso não ocorrer, a saída será a Justiça.
Estado
E o problema não está restrito ao município. A AMIG prevê que a queda de 40 milhões de toneladas de minério de ferro extraídas ao ano, anunciada pela mineradora, deve fechar 65 mil postos de trabalho diretos e indiretos no Estado.
O número aponta prejuízos com royalties do minério (Cfem) e taxa de fiscalização da atividade mineradora. No entanto, a economista Luciana Mourão, da AMIG, acrescenta que os impactos diretos e indiretos para a economia do Estado podem ser ainda maiores, pois o levantamento não leva em conta as perdas de tributos como ISS, ICMS, IPI.
Itabirito
Em Itabirito, na região Cental do Estado, também existe a perspectiva de impacto nos serviços municipais, com a redução da receita, dentro de dois meses, segundo o prefeito da cidade, Alex Salvador.
“Mais de 65% da nossa arrecadação vem da mineração”, diz.
O impacto na receita do município, segundo ele, seria na casa dos R$ 10 milhões, para uma receita total que varia de R$ 15 milhões a R$ 16 milhões mensais.
“Vamos ter que fechar muita coisa. O essencial a gente vai tentar manter, com recursos fixos, como o fundo de participação, entre outros”, diz