O atleticano Arthur Gomes Moura foi querido por todos. Era amigo, alegre, divertido e inspirado. Quem o conhecia reconhecia um brilho diferente em seu olhar. Aprendeu a ler e a escrever sozinho e, com 4 anos, lançou seu primeiro livro “As Irmãs Estrelas”.
“Ele tinha uma inteligência excepcional. Aos 12 anos, media 1,84 m e integrava a pré-equipe do Minas Tênis Clube. Sua sensibilidade e bondade se destacavam. O mínimo sofrimento alheio o abalava muito”, relata o advogado Klauss Moura, pai de Arthur.
Certo dia, o jovem acordou com os olhos colados, manchas vermelhas pelo corpo e febre. Foi acometido pela síndrome de Steven Johnson, reação alérgica grave que causa lesão na pele, nos olhos e de mucosas. A doença acomete um em cada 1milhão de indivíduos, é extremamente agressiva e é causada por alergia a medicamento.
Arthur foi internado no dia da final da Copa do Mundo de 2018 e morreu 17 dias depois, em 31 de julho. “Foram dias de um sofrimento brutal, ver meu filho com o corpo aberto em feridas, sem conseguir falar ou engolir. Ele fazia sinal que queria escrever, mas não tinha como segurar a caneta, pois suas mãos estavam abertas em feridas”, relembra Klauss.
A mãe do jovem, Érika Gomes Moura, estava devastada e, no dia 24 de agosto, menos de um mês após a morte do filho, sonhou com um objeto dourado. Ao acordar foi até o quarto do filho e viu seu estojo escolar. Dentro dele havia um bilhete com a seguinte frase: “Estar em paz não é estar sempre feliz. Paz é apenas aceitar as coisas como elas são”. Érika entendeu aquilo como uma provável resposta do filho para sua tristeza.
O pai conta que a dor pela perda do filho era tão grande que, mesmo católicos, eles desejaram um contato com ele por meio da psicografia. “Uma amiga indicou a Fraternidade Francisco de Assis, no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte.
“Na primeira vez que fomos lá, tinha 13 dias que Arthur tinha desencarnado. Por meio de mensagem do espírito do irmão José, mentor espiritual da casa, que se manifestou por meio do médium Ivanir Severino, ficamos sabendo que ele estava sendo amparado pela sua bisavó Sílvia, que havia morrido um ano antes dele e se encontrava no hospital espiritual recebendo cuidados em seu perispírito”, relata Klauss.
Um mês depois foi o próprio garoto que se manifestou, por meio do médium. Ele chorou muito por rever seus pais. Disse que estava escrevendo e que o médium ia captando seus pensamentos. Falou das saudades que sentia da família e que estava sendo muito bem cuidado no plano espiritual.
“Arthur revelou ser um espírito muito evoluído, tomou rapidamente consciência de sua nova condição e passou a contar-nos, por meio da psicografia, como estava sendo sua adaptação no plano espiritual. Em suas cartas, ele mostra que continua ao nosso lado e, assim, por meio desse diálogo que Jesus nos permitiu ter com nosso filho, estamos conseguindo seguir em frente”, relata Érika.
“Após a morte de Arthur, dois mundos se abriram para mim: um de dor extrema, que jamais imaginei passar, vendo um filho saudável, ser entubado e ter seu corpo tão dilacerado; o outro, o da certeza da continuidade da vida. Arthur nos alertou que sua doença já estava programada e que toda a família tinha conhecimento de que passaria por essa situação. Nós só entramos no sono do esquecimento”, diz Moura.
Pais fundam fraternidade e publicam psicografias
Desde as primeiras psicografias com as mensagens de Arthur Gomes Moura, a família tem ido às reuniões das segundas-feiras na Fraternidade Francisco de Assis e recebido também orientações.
“Meu filho parece que lê nossos pensamentos ou dúvidas e nos oferecesse respostas para assuntos rotineiros. Ele acompanha as ações do Grupo Assistencial Sementes do Moura, que criamos um mês após sua morte para auxiliar pessoas com necessidades de toda natureza. Hoje somos 130 pessoas e 450 colaboradores”, revela Klauss Moura.
O garoto em vida criou um personagem que chamou de “dolfinho”, uma espécie de golfinho. Após sua morte, seus pais encontraram desenhos com versões diferentes do dolfinho conectados em uma roda. Esse se tornou o logotipo do grupo assistencial Sementes do Moura.
“Meu filho teve uma rápida passagem aqui, na Terra, e a missão de espalhar sementes de amor, uma vez que sempre prezou pela paz e pela união das pessoas. O grupo assistencial tem a mesma proposta: espalhar o bem”, comenta o pai.
Quem quiser se tornar um voluntário pode se inscrever no site. “Não pedimos dinheiro. A pessoa deixa seu nome e, quando há uma demanda, como, por exemplo, adquirir uma cadeira de rodas para alguém, a pessoa colabora com aquela campanha do jeito que puder”, explica Klauss.
Outra iniciativa da família foi reunir no livro “Esperança e Fé: Diálogo com o Menino Moura que Voou” as mensagens ditadas pelo jovem. “A ideia é mostrar que o céu e a Terra estão interligados e que a morte do corpo físico não põe fim a tudo, pois os laços de amor que unem entes queridos mantêm viva a relação existente entre eles”, comenta o pai. O livro pode ser acessado gratuitamente no site da fraternidade.
Livro confirma sobrevivência do espírito
As mensagens do jovem Arthur revelam amadurecimento espiritual. “Em suas cartas, ele mostra que continua ao nosso lado, interagindo com as ações do grupo assistencial, e traz respostas aos inúmeros questionamentos feitos a ele por nós. O livro traz mensagens que permitem enxergar o verdadeiro sentido da fé. Meu filho nos incumbiu de produzi-lo no intuito de trazer novas esperanças àqueles que sofrem”, comenta a mãe, Érika Maria Moura.
Resgate
Livro. Obra organizada pelo pai traz mensagens de Arthur para a família nas quais ele fala da saudade que sente dos pais e do irmão Guilherme, que tinha 9 anos quando ele morreu.
Edição gratuita
“Esperança e Fé: Diálogo com o Menino Moura que Voou”
Mensagens de Arthur Gomes Moura ditadas para o irmão José e psicografadas por Ivanir Severino da Silva