Prever o futuro tem sido um dos passatempos favoritos da humanidade. Ao longo dos últimos cem anos, estudiosos, pesquisadores e entusiastas se arriscaram a predizer como seria o nosso amanhã. Nesse período, experimentamos avanços notáveis, em várias áreas, a uma velocidade surpreendente: vivemos mais tempo e estamos mais inteligentes, por exemplo. Mas como estará a humanidade no próximo século? Segundo especialistas, as mudanças serão as mais variadas.
Uma das possibilidades mais tentadoras é poder viver por até mil anos. A tese é defendida pelo cientista molecular Aubrey Grey, da Universidade de Cambridge. A seu ver, para se pensar nessa solução, é preciso entender o envelhecimento e a morte como resultado de um processo de acúmulo de danos e imperfeições no organismo. A chave, então, seria reparar essas falhas celulares antes dos efeitos graves que fariam o corpo pifar.
Contando com 25 cientistas na sua equipe, Grey tenta desenvolver uma combinação de terapias em medicina regenerativa, matando as células que perderam a habilidade de se dividir, permitindo que as saudáveis possam se multiplicar e reabastecer o tecido antes danificado – o que, aplicado em escala para todas as doenças, daria a possibilidade de se viver melhor e por muito mais anos.
“Morreremos de acidentes, de catástrofes naturais, mas não de envelhecimento. Para isso, em 30 anos, conseguiremos dominar 50% essas terapias. Em cem anos, esperamos aumentar o domínio para até 90%”, afirmou Grey em entrevista ao jornal “The Independent”.
Outra proposta intrigante é aumentar a capacidade cerebral a ponto de se escolher a profundidade do sentimento por alguém, apagar lembranças indesejadas ou controlar os níveis de uso da própria consciência em cada situação. De acordo com Bryan Johnson, fundador da Kernel, uma startup da Califórnia, o desenvolvimento desse tipo de tecnologia provavelmente incluirá implantes de chips cerebrais.
Segundo Bryan, será possível quantificar a atividade cerebral em medidas que ele chama de “attebytes” (unidade de medida de informação). “No fim do dia, você poderá fazer o download de um gráfico de setores dos neuroprocessos do seu cérebro. Se você descobrir que alocou 737 mil attebytes de atenção numa discussão com seu parceiro naquele dia e achar que exagerou, pode programar seu cérebro para utilizar menos dados processuais”, contou em um vídeo postado no YouTube.
Performance melhor. Além do cérebro, o futuro promete facilitar a vida humana com a compra e o upgrade de órgãos em locais especializados. “Cada pessoa terá, no mínimo, um dispositivo robótico para substituir órgãos específicos, como pâncreas, olhos e coração. Esse hardware será disponibilizado por meio do smartphone, permitindo feitos nunca antes imaginados, como escalar o monte Everest aos 80 anos ou fazer sexo selvagem a noite toda”, prevê o ativista transumanista Zoltan Istvan.
Falando em aprimoramento, mais uma projeção centenária é que as pessoas optem por trocar os membros naturais – como braços e pernas – por outros biônicos, mesmo que eles não sejam deficientes. “As pessoas estarão mais dispostas a experimentar seu corpo e descobrir o que seriam capazes de fazer com eles”, afirmou Samantha Payne, cofundadora e diretora de operações da Open Bionics, uma empresa de robótica europeia, ao jornal “The Guardian”.
Em 1900, engenheiro acertou 35% de previsões
Na virada do século passado, o engenheiro americano John Elfreth Watkins fez uma série de previsões de como o mundo estaria no ano 2000. Em dezembro de 1900, ele escreveu um artigo publicado na revista americana “Ladies Home Journal”. Watkins começou escrevendo as palavras: “Estas profecias parecerão estranhas, quase impossíveis”, explicando que ele havia consultado as “maiores instituições de ciência e de ensino” do país para suas opiniões sobre 29 tópicos.
É claro que a maior parte das previsões fracassou, mas dez (35%) foram acertadas parcial ou totalmente. Entre elas, o uso de telefones sem fio. Watkins disse que seria possível telefonar para a China com a mesma facilidade que para a cidade vizinha. Outro prognóstico foi a digitalização das fotografias, com sua publicação instantânea nos jornais, reproduzindo todas as cores presentes na natureza.
O artigo ainda continha acertos sobre a televisão, o crescimento da população e as refeições pré-prontas. Entre os fracassos, estão a exterminação de mosquitos e o fim dos carros nas cidades grandes.
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