Houve um tempo em que manter a pele dourada era algo garantido pelas câmaras de bronzeamento artificial. Porém, desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso desses equipamentos que utilizam tecnologia de emissão de radiação ultravioleta. A decisão, baseada em pesquisas que mostravam o risco de câncer gerado pelo aparelho, fez com que as pessoas migrassem para outras alternativas, muitas vezes igualmente arriscadas, como os ditos “aceleradores de bronzeamento”.

Os produtos, geralmente cremes, sprays ou óleos aplicados na pele antes da exposição solar, são totalmente contraindicados, segundo o dermatologista Bruno Vargas. “Esse tipo de produto vai contra todo o discurso usado pelos profissionais de saúde da área dermatológica. Afinal, como pode o mesmo produto ser considerado bronzeador e ter filtro solar?”, questiona. “Além disso, a pessoa passa e acaba achando que pode ficar ao sol, e esse excesso de exposição pode gerar queimaduras”, complementa.

O médico dermatologista Lucas Miranda também reforça que esses aceleradores potencializam a radiação do Sol e todos os efeitos dos raios na pele, seja a desejada cor do verão, bem como os resultados indesejados, como envelhecimento precoce e manchas. O médico não indica qualquer produto do tipo, sejam os vendidos em farmácias, que, por isso, podem até ter aval da fiscalização, e muito menos os de fabricação caseira, usados em “clínicas” domésticas de bronzeamento.

“Esses bronzeadores vêm com algum fator de proteção, normalmente menor do que o preconizado, que é o FPS 30, e, por isso, deixam passar a radiação. Já nessas clínicas clandestinas, são usadas misturas que não temos o conhecimento exato do que está (na composição), e isso reduz a segurança do procedimento”, alerta Miranda.

Em nota, a assessoria de imprensa da Anvisa informou que os aceleradores de bronzeamento “são isentos de registro, sendo necessária apenas a notificação de que são fabricados”.

Liberado. O único produto liberado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, de acordo com Vargas, é o autobronzeador, que funciona como uma tinta e não depende do Sol. “Eles geram uma reação química que altera a pigmentação superficial da pele”, explica.

O autobronzeador é um creme que deve ser passado com cuidado, pois tem efeito instantâneo, pode manchar roupas e, se for mal aplicado, pode deixar a pele manchada em diferentes tons. Esse produto oxida a queratina da pele e oferece um bronzeado que dura, em média, sete dias.

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Caseiro

Marquinha feita com fita isolante pode causar grave alergia

Quem deseja pegar uma cor para o verão e pensa em optar pelo bronzeamento com biquíni de fita isolante, que virou febre em várias cidades do país, também deve tomar cuidado.

Há mais de um mês, a moradora de João Pinheiro, na região Noroeste de Minas Gerais, Mariella Mara, 30, vem lutando pela cicatrização de uma queimadura nos seios provocada pelo procedimento. “Já tinha feito outra vez, mas nessa última sessão, senti muita dor enquanto tomava sol, e só quando cheguei em casa percebi as bolhas”, disse.

Segundo ela, os médicos acreditam que o produto químico usado na cola da fita isolante, em contato com os raios solares, tenha derretido e provocado a queimadura. O doutorando do Instituto de Química da USP Jorge Shinohara também endossa essa possibilidade. “Alguns tipos de cola podem ter reações induzidas pela radiação solar, que criam substâncias que queimam”, afirma. (LM)


Flash

Crítica. O dermatologista Bruno Vargas também condena o bronzeamento com fita isolante: “Não é um material próprio para ser aplicado na pele, que é um tecido vivo, além de não ser dermatologicamente testado para essa finalidade”.