Terapia pra cachorro

Saúde no ar: aromaterapia é opção para o tratamento de pets

Práticas integrativas, como a terapia do olfato, têm eficiência reconhecida para tratamento humano; agora, elas começam a ser usadas também em animais domésticos


Publicado em 10 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Quando foi adotado, em 2016, Beto era um cão excessivamente reativo – algo que acendeu sinal de alerta em sua tutora, a bióloga Luanda Guerra, 35. Em 2018, ela buscou cursos de terapias integrativas e, então, aderiu à aromaterapia para seu pet. “Ao longo do tratamento, observei que ele ficou menos ansioso e, rapidamente, foi ficando mais relaxado”, lembra Luanda, que, por sinal, já conhecia a aplicação da técnica para humanos – uso já reconhecido e que é oferecido, desde o ano passado, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A novidade é que, agora, também vem fazendo a cabeça de quem divide seu lar com um animal doméstico.

O sucesso no tratamento de Beto, aliás, ajuda a entender por que as terapias integrativas começarem a ganhar espaço nas clínicas veterinárias. “O uso mais comum, tanto para humanos quanto para animais, está ligado a um suporte emocional e à redução do estresse – que são fatores que desencadeiam diversos problemas de saúde”, examina o aromatólogo Fábián László, lembrando que os usos da técnica não estão restritos a questões comportamentais: os óleos essenciais têm sido explorados também por sua ação anti-inflamatória.

Autosseleção. Diante dos bons resultados que a aromaterapia trouxe para Beto, Luanda se viu estimulada a estudar mais sobre o tema. Em abril, ela vai a Portugal para uma especialização. Vale dizer: ocasionalmente a bióloga faz uso dos óleos essenciais em seu pet para outros fins que não comportamentais.

“Hoje, pratico um método chamado zoofarmacognosia de autosseleção”, explica a tutora, completando que, por esse modelo, “partimos do princípio de que o animal sabe o que é bom para ele”. Assim, baseado nas características do que deve ser tratado, Luanda seleciona óleos essenciais e apresenta para o cão, que faz sua escolha. A partir daí, é feito todo um protocolo de introdução ao material: “Primeiro, ele é massageado com uso do óleo essencial, para se acostumar e associar o prazer da massagem ao produto. Depois, esse óleo é diluído e apresentado ao cão para ele interagir da forma que escolher – seja inalando ou tocando, o que preferir”.

O cuidado em fazer uma introdução amena é recomendado pelo médico veterinário e professor de farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Guilherme Santos. “Principalmente no tratamento de questões emocionais, funciona bem associar a aromaterapia a uma vivência prazerosa: os tutores podem pingar o óleo essencial na palma da mão e começar a interagir com o animal, oferecendo carinho a ele – assim, ambos vão se beneficiar de seus efeitos”, opina.

Cresce busca por terapia integrativa

Procedimento terapêutico que se utiliza do aroma e das partículas liberadas por diferentes óleos essenciais para conferir melhora do bem-estar e da saúde emocional e física do usuário, a aromaterapia vem galgando espaço no ambiente veterinário. Já em 2015, uma pesquisa indicava que 20% dos tutores recorriam às técnicas integrativas – entre elas a terapia do olfato – associadas ao tratamento convencional de seus pets.

Os benefícios de tal prática são conhecidos pela terapeuta holística Rosana Laura, 56, desde 2016. Morando em uma fazenda, ela adotou três cães naquele ano. Um dos animais, que tinha passado por cirurgia de castração, apresentava infecção. Com o devido acompanhamento, associou o tratamento à aromaterapia. “A recuperação foi rápida, e a cicatrização, perfeita!”, diz.

Hoje, a terapeuta usa a técnica em várias situações. Quando viaja, recorre ao óleo de gerânio e de sempre-viva para amenizar a carência. “Desde o ano 2000, uso o óleo de capim-cidreira, para combater carrapatos e de citronela para matar carrapatos”, cita.

Cuidados básicos

Nem pensar! Felinos e pássaros têm sistema metabólico muito diferente de humanos, caninos, equinos e bovinos. Por isso, atenção: “Eles apresentam mais dificuldade em metabolizar alguns óleos essenciais e, assim, podem acabar sendo intoxicados”, alerta o aromatólogo Fábián László.

Diluição. Animais como cães têm olfato muito mais sensível do que o dos humanos. Por essa razão, os óleos essenciais usados na aromaterapia devem ser diluídos, obtendo nível de concentração nunca superior a 2%. É o que destaca o médico veterinário Guilherme Santos.

Atenção. Os procedimentos de aromaterapia devem ser feitos com acompanhamento de um médico veterinário. Mesmo que o profissional não domine a prática integrativa, ele poderá reconhecer sinais de intoxicação, por exemplo, ou até efeitos inesperados. É o que ressalta Santos.

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