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Mulheres e jovens podem decidir futuro dos EUA nesta terça-feira

Mobilização contra Trump levou 34 milhões a votação antecipada, mais do que os 27 milhões de 2014


Publicado em 06 de novembro de 2018 | 04:00
 
 
 
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Washington, EUA. Mobilizadas contra ou a favor de Donald Trump, estimuladas pelo movimento #MeToo ou indignadas com a indicação para a Suprema Corte de Brett Kavanaugh, as mulheres serão fundamentais, na hora do voto e também como candidatas, nesta terça-feira (6), nas eleições legislativas de meio de mandato nos EUA.

“Há três anos eu era apenas uma eleitora. Agora sou uma eleitora que também organiza atos a favor do voto. Participo de campanhas de porta em porta”, conta à AFP Barbra Bearden, uma democrata de 37 anos. “Eu não fazia nada disso antes de Trump”, admite a consultora, que decidiu organizar uma campanha telefônica de sua casa em Washington para estimular o voto das mulheres em todo o país.

Os jovens, com uma participação particularmente baixa, parecem motivados após o ataque a tiros que matou 17 pessoas em fevereiro em uma escola de Parkland, na Flórida: serviços de streaming de música como Spotify oferecem playlists com links que permitem os ouvintes se registrarem nas listas eleitorais ou identificarem as suas seções de votação. O aplicativo de encontro Tinder envia mensagens a seus usuários pedindo para irem às urnas.

As eleições de meio de mandato são marcadas por forte abstenção: em 2014, a participação nacional não superou os 37%, o nível mais baixo desde a Segunda Guerra Mundial. Mas, neste ano, a polarização do clima político deve influenciar a participação. Thomas Patterson, professor de Ciência Política do Instituto Kennedy da Universidade de Harvard, e outros especialistas esperam que supere os 40%, e alguns preveem que chegue aos 50%.

Segundo cifras compiladas no sábado pelo especialista Michael McDonald, a mobilização de mulheres e jovens está rendendo frutos: ao menos 34 milhões de americanos votaram antecipadamente – número superior ao das eleições de meio de mandato de 2014, nas quais 27 milhões de pessoas votaram de forma antecipada.

Embora seu nome não apareça nas cédulas, Donald Trump está nesta terça-feira, como ele mesmo diz, no centro da votação, que se transforma em um referendo sobre a gestão presidencial. Estão em jogo todas as 435 cadeiras da Câmara de Representantes, 35 dos 100 assentos do Senado, 36 dos 50 governos e dezenas de legislaturas estaduais.

O partido no poder raras vezes ganhou eleições de meio de mandato, com exceção de George W. Bush em 2002, após os ataques de 11 de setembro de 2001. Barack Obama e Bill Clinton, ambos democratas, viram seus adversários conquistarem o Congresso após dois mandatos.

Hoje a disputa é muito diferente entre as duas Casas. Na Câmara, onde os democratas precisam ganhar 23 cadeiras dos republicanos para ter maioria, as pesquisas os favorecem. No Senado, os republicanos estão à frente. Isso pode fazer os EUA amanhecerem no dia 3 de janeiro com um Congresso dividido. Cenário suficiente para colocar obstáculos no caminho do chefe de Estado, que terá sua agenda legislativa bloqueada nos 22 meses anteriores à próxima eleição presidencial, em novembro de 2020.

Imigrantes

Caravana. Os milhares de imigrantes que seguem em direção aos Estados Unidos chegaram à Cidade do México no domingo (4) e receberam abrigo temporário em um ginásio esportivo.

Curiosidades

Muçulmanos

Omar Qudrat, 37, filho de imigrantes afegãos, é muçulmano e republicano. E pode ser o primeiro republicano muçulmano a chegar ao Congresso. Entre as mulheres, há a expectativa da eleição de duas muçulmanas para a Câmara, algo inédito até então: Ilhan Omar, pelo Minnesota, e Rashida Tlaib, do Michigan. Ambas são democratas.

Flórida

Andrew Gillum, 39, um carismático democrata negro, contra Ron DeSantis, 40, um republicano branco anti-imigração: a corrida pelo governo da Flórida é um microcosmo da polarizada política americana. 

Mulheres indígenas

Deb Haaland e Yvette Herrell são da tribo Pueblo Laguna, mas concorrem ao Congresso em lados opostos: a primeira é democrata, e a segunda, republicana. A democrata Sharice Davids pode ser a primeira congressista indígena e lésbica.

Trans

A democrata Christine Hallquist se tornou a primeira candidata transexual de um dos dois grandes partidos dos Estados Unidos e pode ser a primeira transexual a governar um Estado (Vermont).

 

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