A cada minuto, um trabalhador se afasta por causa de problemas psicológicos. Em Minas Gerais, das notificações de transtornos mentais realizadas desde 2022, 13,5% envolviam técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde ou enfermeiros. A reportagem de José Vitor Camilo e Lucas Gomes publicada na edição de O TEMPO desta segunda-feira (18/8) é um grave alerta sobre as condições a que estão submetidos esses profissionais.
O relatório da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais aponta que, nos últimos quatro anos, a linha de frente do atendimento da saúde representou 37% de todos os afastamentos trabalhistas por esse motivo.
Trata-se de um problema que não é exclusivo do estado, e tampouco de uma única categoria. Outro relatório, do Ministério da Previdência, aponta um total de 440 mil afastamentos de profissionais em todo o ano passado, um crescimento de 67%.
Contudo, quando o problema atinge severamente os profissionais de saúde, chega-se a um ponto em que o cuidado de toda a sociedade é colocado em risco.
A pandemia do coronavírus colocou médicos, enfermeiros, auxiliares e agentes no limite da exaustão física e mental. Mas, controlada a doença pela vacinação, o teste diário à resistência desses profissionais não diminuiu. Há longas jornadas de trabalho, muitas com escassez de recursos para atendimento, ameaças à segurança e uma remuneração abaixo do suficiente para recompensar tamanho esforço. Esse conjunto de fatores cobra o seu preço em burnout, estresse, esgotamento, crises de ansiedade, depressão e, não raras vezes, suicídio.
A inclusão da saúde mental na Norma Reguladora 1 (NR-1) como uma das obrigações das empresas com os trabalhadores é uma esperança de mudança deste quadro, mas é preciso que ela venha acompanhada de uma profunda transformação cultural.
É essencial que poder público, iniciativa privada e a própria sociedade reconheçam esse problema e valorizem os profissionais, cuidando daqueles que nunca negaram zelo para cuidar de nós.