O novo presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Juliano Lopes (Podemos), chamou o vice-prefeito Álvaro Damião (União Brasil) de “desastroso” e o líder de governo do prefeito Fuad Noman, vereador Bruno Miranda (PDT), de “traidor”, durante entrevista ao Café com Política da FM O TEMPO 91,7 nesta sexta-feira (3 de janeiro). Juliano Lopes afirmou que foi traído por ambos no pleito, mas poupou o prefeito Fuad Noman (PSD), a quem chamou de “homem de palavra”. O novo presidente disse acreditar que o prefeito reeleito não teve relação com o lançamento tardio da candidatura de Miranda à presidência da Casa.
Até 23 de dezembro, Juliano Lopes era o único candidato à presidência e, segundo ele, o prefeito havia garantido que não iria interferir na eleição da mesa diretora e manteve essa posição durante o processo. O novo presidente, entretanto, afirmou que o vice-prefeito Álvaro Damião articulou nos bastidores para viabilizar a candidatura de Bruno Miranda, formalizada após dois vereadores inicialmente aliados ao grupo de Juliano Lopes mudarem de lado.
“O vice-prefeito Álvaro Damião exonerou o secretário de Governo, Anselmo Domingos, e começou os movimentos para oferecer mundos e fundos aos vereadores que haviam declarado apoio à minha candidatura. É de conhecimento de todos as traições que aconteceram”, declarou Juliano Lopes. O vereador também mencionou que o PCdoB teria sido contemplado com uma nomeação na prefeitura após a adesão de um de seus parlamentares à candidatura de Miranda.
“O prefeito fez um café da manhã com todos os vereadores e disse que não iria intervir na eleição da mesa. O próprio vereador Bruno Miranda disse que não seria candidato, mas resolveu ser na última hora. Foi um dos traidores. A traição do meu partido, vereador Lucas Ganem, que nem em Belo Horizonte mora, existe um processo contra o mandato dele. Um vereador do PCdoB, Edmar Branco, também nos traiu. Esse aí, além de trair, já foi recompensado. Nomeou um filiado do PCdoB a uma regional”, afirmou o novo presidente da Câmara durante entrevista.
Apesar das articulações, Lopes venceu a disputa com 23 votos. Ele atribuiu o resultado à fidelidade de boa parte dos vereadores e ressaltou que sua gestão buscará uma relação independente, mas colaborativa, com o Executivo. “Queremos uma Câmara independente, mas parceira da prefeitura, porque quem está na ponta é o belo-horizontino que votou no Fuad, no Álvaro e nos 41 vereadores”, afirmou.
Juliano Lopes poupa críticas a Fuad Noman
Apesar de chamar o vice-prefeito eleito de “desastroso”, Juliano Lopes poupou críticas ao prefeito Fuad Noman, e afirmou que não acredita que o prefeito tenha relação com o lançamento da candidatura de Bruno Miranda à presidência da Câmara. “Eu creio que isso não partiu do prefeito Fuad, que sempre manteve muito cuidado com a Câmara e comigo, principalmente durante a campanha. Reuniu comigo, conversou comigo. Eu creio que isso partiu do vice-prefeito Damião, que se autonomeou secretário de governo, atuando nos bastidores”.
Dias após Bruno Miranda declarar sua candidatura à presidência da Câmara, o então secretário de governo Anselmo Domingos foi exonerado da prefeitura, sob justificativa de que estaria prometendo cargos a vereadores em troca de votos a Juliano Lopes, seu antigo aliado. Lopes, entretanto, nega que essa articulação tenha acontecido:
“Anselmo é um político experiente, percebeu que poderia dar algum problema lá na frente. Você ligue para os 41 vereadores eleitos e pergunta que dia que o ex-secretário de governo Anselmo José Domingos pediu para alguns votar no Professor Juliano. O fato de eu ter pertencido no grupo dele quase dez anos, não tinha motivo nenhum para fazer essa exoneração, quem perdeu com isso foi a prefeitura, que perdeu um político sério”.
Juliano Lopes não descarta composição com a prefeitura
Apesar das críticas ao vice-prefeito, Juliano Lopes não descartou que seu grupo político, conhecido como “Família Aro” devido à proximidade com o secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), componha pastas na Prefeitura de Belo Horizonte. O novo presidente da Câmara relembrou que o grupo fez parte do executivo durante uma parte do mandato de Fuad, e que pode voltar a contribuir com a prefeitura a depender das conversas com o prefeito reeleito.
“Eu sou uma pessoa do diálogo, do bom senso, estou aberto a conversar. Se a prefeitura achar que devemos fazer parte da estrutura dela, vamos conversar. Nunca disse que seria oposição ao prefeito. Pelo contrário, a gente sempre vem conversando muito com o prefeito durante a eleição. Honramos o nosso compromisso e fomos até dezembro integrando a base do prefeito. Por isso que achei estranha essa movimentação com o Álvaro Damião, Bruno Miranda e companhia, porque nós tivemos na base do prefeito”.
Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Adriana Ferreira