O clima ficou pesado nesta segunda-feira (10 de fevereiro) na Câmara Municipal de Belo Horizonte após uma visita inesperada do deputado estadual Bruno Engler (PL) à Casa. Antes mesmo do parlamentar terminar de cumprimentar todos os vereadores, Pedro Rousseff (PT) se posicionou em frente ao microfone do plenário para ironizar a presença do deputado, que foi derrotado pelo prefeito Fuad Noman (PSD) na disputa pela prefeitura da capital mineira, nas eleições de 2024.
“Queria dar boas vindas e cumprimentar o deputado, companheiro Bruno Engler, que está conhecendo a nossa Casa e falar que é um prazer enorme estar aqui, pois aqui (na Câmara) os vereadores de fato trabalham, batem ponto, e parece que na Assembleia está faltando trabalho”, ironizou o vereador petista.
Bruno Engler foi criticado e acabou virando alvo de adversários políticos na corrida eleitoral de 2024 devido às faltas em reuniões da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nesta segunda-feira, no entanto, não havia previsão de reunião ordinária para votação no Legislativo estadual.
O vereador petista ainda chamou Bruno Engler de “candidato perdedor”. “Nem parece que o governador Zema (Novo) e seu governo – que ele (Bruno Engler) tanto defende – está cheio de problemas no Estado todo. Tudo estragado e esburacado, e aí o deputado, candidato perdedor, está aqui passeando ao invés de fiscalizar o governador”, ironizou.
A fala do petista foi imediatamente rebatida pelo vereador Vile (PL), autor do convite para que Engler comparecesse à Câmara. “Que deselegante vereador Pedro; sempre deselegante. O Bruno não veio aqui passear, não. Ele veio aqui a meu convite, para me auxiliar na elaboração de um projeto, inclusive para tirar aquelas porcarias de livros de circulação no Colégio Tiradentes”, afirmou o parlamentar.
A fala foi uma menção a outro ponto trazido por vereadores do PL, que questionam o conteúdo de livros da disciplina de História utilizados nas unidades do Colégio Tiradentes, vinculado à Polícia Militar de Minas Gerais. Na avaliação dos parlamentares, o livro destacaria de forma positiva os governos petistas do presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, enquanto ressaltaria apenas pontos negativos da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Aliás, foi com uma menção à ex-presidente Dilma Rousseff, tia-avó do vereador Pedro Rousseff, que Vile concluiu a defesa de Bruno Engler. “Se o Lula não pode sair na rua, o Bruno pode. Se a sua tia Dilma não pode sair na rua, o Bruno pode. Ele tem apoio popular, coisa que vocês do PT fingem que têm”, declarou.
Procurado pela reportagem de O TEMPO, o deputado Bruno Engler não quis comentar o episódio na Câmara.
Debate ideológico pautou reunião
A pauta ideológica e a disputa entre vereadores favoráveis e contra o PT e o governo do presidente Lula marcaram o dia na Câmara Municipal. Neste dia 10 de fevereiro o PT completa 45 anos. Enquanto os vereadores vinculados à legenda lembravam ações do partido que consideravam importante – como Bolsa Família, Samu e Sisu –, parlamentares de direita relembraram casos de corrupção que envolveram governos petistas e fizeram críticas à atual gestão de Lula.