O deputado estadual Bim da Ambulância (Avante) criticou a instabilidade do governo Romeu Zema nas articulações com a base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ele citou as recentes trocas na Secretaria de Governo e afirmou que, com as mudanças, as negociações com o Palácio Tiradentes acabam travadas. Em entrevista ao Café com Política, exibido no canal de O TEMPO no YouTube nesta terça-feira (24 de junho), o parlamentar — que se considera parte da base aliada — apontou que a falta de continuidade no diálogo entre o Executivo e os parlamentares compromete o avanço de pautas e a entrega de resultados aos eleitores.
“O que enfraquece a construção sólida de uma base aliada é justamente essa instabilidade nas tratativas”, disse o deputado. Segundo ele, a rotatividade de secretários tem inviabilizado a manutenção dos compromissos firmados. “Acordo feito com secretário é acordo de governo. Mas, como não houve sustentação, surgem desconfortos. Entra um novo secretário, faz novos acordos que não são cumpridos, depois vem outro com novas propostas. Essa instabilidade é desconfortável para quem está na base, pois dependemos de respostas rápidas para atender nossos eleitores”, avaliou.
A última mudança na Secretaria de Governo ocorreu em fevereiro, quando o deputado estadual Gustavo Valadares (PMN) deixou o cargo e Marcelo Aro (PP), então na Casa Civil, assumiu a pasta. “Já tenho uma trajetória na política, então, quando o Gustavo Valadares assumiu, já era meu colega na Assembleia. Fizemos algumas tratativas; não tivemos êxito em todas, mas avançamos, e isso precisa ser reconhecido. Com a chegada do Marcelo Aro, que foi meu colega na Câmara Municipal, há uma afinidade que facilita muito o diálogo”, destacou. “É a terceira lei de Newton: temos uma ação, que é a chegada do Marcelo, e esperamos uma reação — que é a entrega de resultados, até mesmo para basear os pedidos. É uma via de mão dupla.”
Apesar das críticas, o deputado reafirma seu alinhamento com o governo. “Me considero base, porque vejo a construção de base como algo que está em constante evolução.”
“Achavam que eu iria hostilizar”, diz Bim sobre chegada à ALMG
A chegada de Bim à Assembleia, após três mandatos como vereador em Belo Horizonte, foi acompanhada de desconfiança por parte de outros parlamentares, segundo ele. “Enfrentei muita resistência dos colegas, pois os deputados ainda estão presos à velha política”, declarou. E acrescentou: “Eles prezam muito pela manutenção da ordem. Achavam que eu traria para o plenário o mesmo tom das minhas redes sociais, expondo minha vida pessoal ou criando conflitos com a Casa — o que não aconteceu”.
Mesmo com o estranhamento inicial, Bim afirma que não precisou mudar seu estilo. “A Assembleia entendeu minha dinâmica e minha forma de trabalhar. Hoje, respeitam e até admiram”, afirmou. “No começo, pensaram que eu fosse hostilizar, ridicularizar fatos ou me indispor com algum colega — o que não aconteceu e não acontecerá.”
Ao comparar os mandatos de vereador e de deputado estadual, ele destacou a maior complexidade e abrangência do trabalho na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “A representatividade aqui é muito maior, gigantesca”, observou o deputado, que não descarta planos futuros além da reeleição.
“A minha pretensão inicial é a minha reeleição, porque ser deputado estadual foi um pedido meu por muitos anos. Agora, ser deputado federal, um possível prefeito, um possível vice-governador, governador ou senador já é algo que mexe comigo, pois vejo uma representatividade ainda mais ampla. Mas reconheço que, neste momento, meu tempo exige uma reeleição. E aí, nesse processo, junto com o eleitorado, vou lapidar qual seria o próximo passo — ou até mesmo se seria o caso de manter onde estou. Porque, às vezes, a gente quer algo além para si, mas não é aquilo que vai, de fato, contemplar as pessoas que depositam tanta esperança em uma representatividade.”