O vereador de Belo Horizonte Bruno Pedralva (PT) criticou a transferência do terreno do antigo hospital psiquiátrico Galba Veloso, localizado no bairro Gameleira, região Oeste da capital, para a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). O projeto, aprovado em primeiro turno na Câmara de BH, tem como um dos objetivos viabilizar a construção do Complexo de Saúde Hospitalar Padre Eustáquio (HoPE). A obra será executada por meio de Parceria Público-Privada (PPP). Em entrevista ao Café com Política, exibido nesta quinta-feira (31 de julho) no canal de O TEMPO no YouTube, o parlamentar criticou ainda o voto favorável do colega de bancada, Pedro Rousseff (PT), à proposta.
Na avaliação de Pedralva, o projeto pretende, na verdade, substituir quatro hospitais públicos da capital pela construção de um novo hospital. Ele explica que a posição em relação à pauta foi construída coletivamente entre a bancada do PT e do PSOL, ouvindo trabalhadores e usuários do SUS em Belo Horizonte.
“A gente permite que cada um vote de acordo com sua percepção. Mas, para mim, é coisa de maluco votar a favor, permitindo o fechamento de quatro hospitais públicos do SUS nessa conjuntura”, analisou o vereador.
Pedro Rousseff minimizou qualquer mal-estar com a bancada. Conforme publicado por O TEMPO, o caso extrapolou os corredores da Câmara e repercutiu nos bastidores da política petista, trazendo à tona resquícios da disputa interna pelo comando estadual do partido. Adversários do grupo de Rousseff, do qual também faz parte o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), vincularam o voto favorável do vereador a uma suposta “retribuição” e “prova de lealdade” ao prefeito Álvaro Damião (União), que teria contemplado aliados do parlamentar com nomeações feitas na semana que antecedeu a votação. Rousseff, por sua vez, nega qualquer acordo ou troca de favores.
Conforme Pedralva, a construção de uma nova unidade hospitalar em Belo Horizonte não pode servir de justificativa para o encerramento das demais. “A gente quer um hospital novo, mas não para substituir os que existem. Nós queremos ampliar o atendimento”, completou.
O parlamentar questiona, ainda, o que estaria sendo acordado entre o Governo de Minas e o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião. Para Pedralva, a construção do novo hospital estadual sem que o governo assuma os custos do fechamento das unidades atuais representa uma sobrecarga para o município.
“É uma puxada de tapete, uma sacanagem do governo de Minas com o povo de Belo Horizonte, com a prefeitura de Belo Horizonte. O Zema convidou o Álvaro para uma festa, pediu o presente, que é o terreno, mas ainda está fazendo o Álvaro pagar a conta da festa, que é a manutenção dos demais hospitais", comparou.
Pedralva demonstrou, ainda, um temor quanto a forma que o novo complexo hospitalar será construído, por meio de uma parceria público-privada. De acordo com o vereador, não haveria garantias de realização de concursos ou seleções públicas para atuação de profissionais na unidade devido a esse modelo.
Crise do Samu
Sobre a crise no Samu em Minas Gerais, o petista afirmou que o problema não está no governo federal, mas na administração local. Conforme publicado por O TEMPO, dez consórcios do Sistema Único de Saúde (SUS) projetam um déficit estimado de R$ 56,8 milhões no custeio do Samu 192 em Minas em 2025. Segundo levantamento financeiro do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Macrorregião do Sul de Minas (Cissul), a entidade recebe, mensalmente, 28,39% da verba prevista pela União, apesar de a regulamentação prever 50% de participação do Ministério da Saúde.
“O governo federal paga tudo em dia, o que é previsto legalmente [...] Não tem como o Ministério da Saúde passar mais dinheiro para Minas Gerais e não passar para o de Pernambuco", ponderou.