Além da Avenida Paulista, em São Paulo, a capital mineira também terá um ato convocado pela esquerda no mesmo dia. Na quinta-feira (10/7), com os slogans “Congresso inimigo do povo” e “Centrão inimigo do povo”, manifestantes poderão se reunir na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, a partir das 17h. Em São Paulo, o ato será às 18h, com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).
A convocação integra uma ofensiva do governo federal após uma série de derrotas para o Congresso, que atingiu seu ápice quando, pela primeira vez desde 1992, o Legislativo barrou um decreto presidencial. O decreto previa o aumento da alíquota do IOF, imposto sobre operações financeiras como compras internacionais feitas com cartões de crédito e débito. O objetivo do governo era arrecadar R$ 12 bilhões neste ano com o aumento, de forma a equilibrar as contas públicas.
No mês passado, o Congresso também derrubou vetos do presidente Lula (PT) aos chamados “jabutis” incluídos no Marco Regulatório da Energia Offshore. A medida pode gerar um aumento estimado de R$ 197 bilhões nas contas de luz dos brasileiros. Além disso, o Legislativo aprovou o aumento no número de deputados federais, que passará de 513 para 531, o que terá efeito direto nas bancadas estaduais. Em Minas Gerais, por exemplo, a Assembleia Legislativa ganharia uma nova cadeira, subindo de 77 para 78 deputados.
Embora o ato seja uma reação a recentes derrotas do governo no Congresso, o banner de convocação foca em projetos de lei que ainda serão discutidos e que preocupam o Planalto. Os motes são: “pelo fim da escala 6x1”, “contra o PL da Devastação” e “pela taxação dos super-ricos, já”. O “PL da Devastação” flexibiliza as regras de licenciamento ambiental, enquanto o projeto pelo fim da escala 6x1 pretende reduzir os dias de trabalho semanais dos trabalhadores. Os dois tramitam no Câmara dos Deputados.
Já a “taxação dos super ricos” se refere a uma das principais apostas do presidente Lula, com os olhares voltados para as eleições em 2026: o fim do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Para compensar a redução da arrendação, o governo propõe o aumento da alíquota para quem recebe mais de R$ 1 milhão por ano - grupo que, atualmente, chega a pagar proporcionalmente menos imposto do que os mais pobres.
No estado, o protesto foi convocado pela CUT-MG (Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Coletivo Alvorada, SINDSEMA (Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais), Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (ApuBH UFMG+), Fórum Político Inter-Religioso de Belo Horizonte, Casa Socialista, Sindieletro-MG, Sindicato dos Bancários de BH e Região e Brasil Popular.
Avenida Paulista
O último protesto que ocorreu na Avenida Paulista foi há cerca de uma semana, no domingo (29), convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ápice, a manifestação reuniu 12,4 mil pessoas, segundo metodologia do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common. O lema da manifestação Foi "Justiça Já".
Em março, também na Paulista, partidos e movimentos de esquerda reuniram manifestantes em um ato contra o projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e contra Bolsonaro. Ao todo, na capital paulista, 6,6 mil pessoas participaram, segundo o grupo de pesquisa Monitor do Debate Político. O dado foi divulgado pelo jornal O Globo.