O movimento LGBTQIA+ ganhou uma batalha e perdeu outra em votações desta segunda-feira (11/8) na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte. O tema central foi a Parada Gay 2025, realizada em 20 de julho. Duas moções foram colocadas em análise. Ambas de apoio à festa, mas com autores diferentes. Uma, assinada pelo vereador Edmar Branco (PC do B), foi aprovada. A outra, apresentada por parlamentares do PT e PSOL, foi derrubada.

As discussões em torno das duas votações foram dominadas pelo PT, a favor das moções, e o PL, contrário. Parlamentares dos dois partidos travam um embate intenso na Casa desde o início desta legislatura, em fevereiro. As discussões são apenas em relação a projetos de lei, mas alcançam também moções, que nada mais são do que uma manifestação de apoio ou repúdio da Casa a acontecimentos externos.

As votações foram por maioria simples dos presentes. As duas moções citavam o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais (Cellos-MG), organizador da Parada Gay. O texto apresentado pelo vereador Edmar Branco foi aprovado sem que os parlamentares do PT e PL usassem de maneira intensa os microfones durante a fase de discussão. O embate entre integrantes dos dois partidos, que durou mais de uma hora, começou quando o texto apresentado pelos parlamentares do PT e PSOL foi colocado em votação.

Para os vereadores do PL, a prefeitura não deveria ajudar financeiramente com a realização da festa, como faz. Dias antes da parada, dois parlamentares do partido, Uner Augusto e Pablo Almeida, entraram na justiça para evitar um repasse de R$ 450 mil do município para o Cellos organizar a parada. Em caráter liminar, a justiça decidiu que apenas R$ 100 mil deveriam ser enviados para a entidade. Os recursos, porém, já haviam sido transferidos. A ação segue na justiça.

Os parlamentares do PL afirmam que a Parada Gay vem sendo usada politicamente. "Quem não foi para se promover, foi para xingar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Prometem uma festa e entregam um ato político", afirmou o vereador Uner Augusto (PL), durante a votação da segunda moção. Pelo PT, o vereador Pedro Patrus disse que a direita é triste, e por isso não quer a realização da parada. "Querem encrencar exatamente com uma entidade que tem como função cuidar da população LGBTQIA+", disse o parlamentar.

Autor da moção aprovada, Edmar Branco fez a defesa de seu texto na mesma linha da que os vereadores do PT e PSOL adotaram na discussão da proposta que apresentaram. "Estamos falando de amor, de respeito", discursou. Aliada do PL, a vereadora Flávia Borja (DC), disse não ser contra a Parada Gay, mas que é preciso analisar como o investimento da prefeitura está sendo feito. "Por qual motivo não se pode fazer um chamamento público (concorrência) para a realização da parada"?, questionou.

Ao rebater a parlamentar, a vereadora Luíza Dulci (PT) disse que o Cellos não é contratado pela prefeitura para realizar a festa e que, por isso, não há motivo para se falar em concorrência pública. " A parada não está no calendário oficial da prefeitura. O Cellos é a entidade que realiza a festa. Os recursos repassados pela prefeitura são uma parte de todo o dinheiro que é usado na organização do evento", argumentou. Com as duas votações, a moção de apoio apresentada pelo vereador Edmar Branco será encaminhada à Cellos. Já a redigida pelos parlamentares do PT e PSOL será arquivada.