O vice-governador Mateus Simões (Novo) comentou nesta terça-feira (19/8) o episódio ocorrido no dia anterior, durante um evento oficial em Contagem, que deixou um "climão" entre a prefeita Marília Campos (PT) e o governador Romeu Zema (Novo). 

"Eu também não fui convidado para participar do vídeo da prefeita. Vídeos institucionais têm a presença apenas das autoridades que estão sendo gravadas. Isso é absolutamente normal", afirmou pela manhã, durante a inauguração da nova sede da Delegacia de Atendimento aos Turistas (Deptur), em Belo Horizonte.

Na segunda, Marília deixou a cerimônia de inauguração de uma bacia de contenção de enchente, na cidade, depois de um constrangimento causado com o cerimonial do governo. Foi solicitado que a prefeita se retirasse de uma área para que o governador gravasse um vídeo sem ela.

Nesta terça, ao ser questionado pela imprensa, Simões minimizou a situação. Foi a primeira vez que o governo de Minas se pronunciou, já que não respondeu aos questionamentos sobre o caso na segunda-feira.

Segundo informações obtidas por O TEMPO com pessoas presentes em Contagem durante a situação constrangedora, o vídeo em que Marília não poderia aparecer seria destinado às redes sociais de Zema, com o pedido feito por um assessor do governador e atendido pelo cerimonial do Governo de Minas. No seu feed, o governador publicou um vídeo sobre a inauguração de segunda. Ele aparece ao lado de Simões, sem a presença da prefeita. 

No story, Zema escreveu: "Ao lado de Mateus Simões, entregamos hoje a Bacia de Contenção de Cheias B3". No feed de Simões, a prefeita de Contagem, responsável pela execução da obra e parte dos recursos, também não aparece. Já no feed de Marília na segunda-feira, Simões aparece em dois vídeos, mesmo não sendo o titular do Executivo estadual, sendo um deles na inauguração onde houve o desentendimento. Nesse vídeo, Zema aparece na capa com Marília. No outro, Simões está na capa com a prefeita.

Conforme informado pelo governo estadual, a Prefeitura de Contagem colocou R$ 7 milhões na bacia inaugurada na segunda, enquanto o governo estadual destinou R$ 107,1 milhões. Parte do dinheiro do estado é proveniente de verbas do acordo com a Vale pela tragédia em Brumadinho.

Simões destacou os aportes do estado: "a prefeita Marília é uma amiga, esteve comigo ontem de tarde, nada a comentar. É um tema lateral, nós colocamos R$ 107 milhões, a prefeitura R$ 7 milhões, a obra foi feita, entregue, a prefeitura fez a parte dela, o estado fez a parte dele, a população está atendida. O vídeo é menos importante que a realização". Na segunda-feira, a reportagem tentou falar com a Prefeitura de Contagem, mas a informação era que não haveria comentário sobre o tema.

O vice-governador ainda lembrou da reunião com a prefeita na parte da tarde de segunda-feira, que já estava na agenda dos dois. Foi no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Segundo ele, o desentendimento não foi objeto de conversa. Conforme apuração de O TEMPO com interlocutores, o vice de Zema falou sobre o assunto com Marília e afirmou ficou sabendo da situação pela imprensa.

 "A prefeita Marília esteve comigo ontem de tarde. Tivemos uma reunião de quase uma hora, tratamos de inúmeros temas. O único tema que não tratamos foi esse. Esse não é um tema. Volto a dizer, tem tanta coisa acontecendo nas cidades como um todo, aliás, gente, vamos lá, o governo Zema é conhecido exatamente por ser um governo que não discrima investimento com base em cor política. Isso não significa que eu tenha que concordar com absolutamente nada politicamente com que o PT represente ou defenda. A prefeita Marília é um quadro histórico do PT, mas eu não deixo de atender a prefeita em nenhum tema que diz respeito a Contagem", afirmou.

O desentendimento ocorreu dois dias após Zema lançar sua pré-candidatura à Presidência e, em discurso, afirmar que pretende “varrer o PT do mapa”. Em um encontro do PL na capital mineira, de quem o vice-governador busca apoio para sua candidatura ao governo de Minas, Simões falou de uma união de esforços para "garantir que PT nunca mais". "Que Lula seja extirpado da história de Minas e do Brasil”, disse em junho.

Simões reafirmou o "apartidarismo" da gestão. "O governo não deixa de atender, é por isso que temos tantos investimentos lá. O metrô chega até Contagem com investimento nosso. Mais de R$ 450 milhões. As barragens estão sendo construídas com investimento nosso", comentou.

"Mas é claro, na hora de fazer vídeo institucional de cada um dos órgãos, eu não estou nos vídeos da Prefeitura de Contagem, e provavelmente ela também não estará nos vídeos do governo de Minas Gerais", finalizou.