O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou, em entrevista exclusiva a O TEMPO, que não vai “cobrar” apoio de Jair Bolsonaro (PL) para as eleições presidenciais de 2026. O ex-presidente está inelegível até 2030 e enfrenta julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Até então, pelo menos quatro nomes da direita estão no páreo em busca dos eleitores de Bolsonaro. Caiado foi o primeiro a lançar a pré-candidatura, em abril deste ano.
Em agosto, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também colocou oficialmente o nome na disputa. Outros políticos cogitados até então são os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Durante o programa Café com Política, que vai ao ar nesta quarta-feira (3/9), no canal de O TEMPO no YouTube, às 9h, Caiado foi questionado sobre quem fica com o apoio do ex-presidente. “Isso é algo que não deve ser cobrado do presidente Bolsonaro. Porque todos nós o apoiamos. Então, não tem porque um querer cobrar esse apoio. Ele pode fazer uma opção por um como pode também lançar alguém da família dele. É uma decisão de foro pessoal. Isso não pode ser cobrado. Ele tem que ter essa liberdade de decidir quem deve ser o candidato”, afirmou Ronaldo Caiado.
O governador de Goiás esteve em Belo Horizonte nessa terça-feira (2/9) para participar do Conexão Empresarial – um almoço que reuniu empresários para debater o momento atual da política no país.
Na avaliação de Caiado, Bolsonaro pode optar por apoiar algum dos presidenciáveis de direita que estão com o nome em jogo ou decidir lançar alguém da família dele, como um dos filhos. Os quatro estão na política: o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e os vereadores Carlos Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro – todos do PL.
Para o governador de Goiás, num eventual segundo turno, seja quem for o candidato da direita, todos estarão juntos. Na esquerda, possivelmente, o candidato seja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já disse que, se estiver bem de saúde, vai tentar a reeleição.
“Quem é minimamente conhecedor da prática política sabe que aquele que passar para o segundo turno, o eleitorado dos demais vai migrar para este candidato”, avalia. “Então, não tem por que insistir nessa tese que apoia A ou B. (...) Não tem a necessidade dessa cobrança para ele decidir. Até porque todos nós quatro o apoiamos”, afirmou.
Um dia depois do lançamento da pré-candidatura de Romeu Zema, Carlos Bolsonaro fez uma postagem nas redes sociais chamando de “ratos” e “oportunistas” aqueles que “querem herdar o espólio de Bolsonaro”. Ontem, Caiado foi questionado se teria se sentido atingido por essa declaração e respondeu que “de maneira alguma”, citando a trajetória de vida como médico e como político há várias décadas. “A história política de cada um de nós é que tem que responder e mostrar que nós fazemos política com altivez, com espírito público, com conteúdo, com capacidade de debater. Senão, nós não sobreviveríamos na vida pública”, afirmou.
Anistia é promessa, caso seja eleito
Enquanto a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciava, nessa terça (2/9), o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de mais sete réus por tentativa de golpe de Estado, o governador de Goiás e pré-candidato à Presidência da República, Ronaldo Caiado (União Brasil), reafirmava a promessa de anistiar o ex-presidente, caso seja eleito em 2026 e Bolsonaro seja condenado.
“Meu primeiro ato, depois que eu assinar o diploma de presidente da República, vai ser exatamente promover a anistia do 8 de janeiro”, prometeu.
Na entrevista a O TEMPO, Caiado disse considerar uma “baderna” os ataques à Praça dos Três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Questionado se não havia um contrassenso entre defender a anistia e, ao mesmo tempo, considerar os ataques uma “baderna”, Caiado negou e transferiu a responsabilidade pelo episódio para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Em primeiro lugar, se eu estivesse no governo, na Presidência da República, o 8/1 não teria acontecido. Você acha que um presidente há oito dias no comando do país vai estar no interior de São Paulo inaugurando uma obra insignificante enquanto todo mundo ali tinha informação que as pessoas ali estavam. (...) Foi surpreendido ou existia uma conivência para que se criasse o fato?”, questionou.
Sobre o desfecho do julgamento que começou ontem no Supremo, o governador de Goiás afirmou que “a predisposição que se vê dentro da Câmara que vai julgar o (ex) presidente Bolsonaro é que ele seja condenado e também os outros sete que serão julgados” agora.
Governadores reafirmam pacto
Nessa terça-feira (2/9), Caiado se reuniu com o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), para um café da manhã, na Cidade Administrativa. No cardápio, além de pão de queijo, discussões sobre as articulações da direita para as eleições presidenciais de 2026. O encontro reafirmou que as duas candidaturas serão levadas a cabo, pelo menos durante o primeiro turno. Está descartada a composição de chapa, com um sendo vice do outro.
A ideia, conforme já havia dito anteriormente o governador Romeu Zema, é que os candidatos da direita estejam unidos no segundo turno para derrubar a esquerda. “Ficou bem clara a posição. Nós seremos pré-candidatos até a nossa convenção e homologados candidatos à Presidência da República. Não tem essa tese de uma unidade no primeiro turno”, disse o governador de Goiás, em entrevista exclusiva a O TEMPO.
Caiado ressaltou que essa decisão de seguirem em candidaturas separadas acontece, inclusive, para respeitar a trajetória política de cada um, à frente dos governos estaduais. “Primeiro turno não se concentra candidatura. Se coloca as candidaturas possíveis para mostrar a competência para governar o país”.
Na avaliação do governador de Goiás, uma divisão de candidaturas no primeiro momento das eleições não fragiliza a direita. “(A candidatura) será fragilizada se você realmente colocar apenas um candidato, porque esse candidato é que vai ser focado pela máquina do governo, que eles não têm escrúpulos nenhum. Eles vão criar fake news, vão criar todo tipo de impasse”, afirmou.