Enquanto a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciava o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de mais sete réus por tentativa de golpe de Estado, o governador de Goiás e pré-candidato à Presidência da República, Ronaldo Caiado (União Brasil), reafirmava a promessa de anistiar o ex-presidente, caso seja eleito em 2026 e Bolsonaro seja condenado. “Meu primeiro ato, depois que eu assinar o diploma de Presidente da República, vai ser exatamente promover a anistia do 8 de janeiro”, prometeu.
A declaração de Caiado ocorreu em Belo Horizonte, durante entrevista exclusiva a O TEMPO, que será exibida na íntegra no programa Café com Política, no canal de O TEMPO no YouTube, nesta quarta-feira (3/9), às 9h. Governador reeleito de Goiás, Caiado oficializou no mês de abril sua intenção de disputar as eleições presidenciais no ano que vem, lançando a pré-candidatura. Ao ser questionado sobre como enxerga o processo e o julgamento de Bolsonaro, o político disse acreditar que haja a condenação do ex-presidente.
“Olha, previamente, todos nós brasileiros já temos mais ou menos a noção de que dentro daquilo que está assim colocado, não estou aqui antecipando julgamento, mas a predisposição que se vê dentro dessa Câmara que vai julgar o (ex) presidente Bolsonaro é que ele seja condenado e também os outros sete que serão julgados hoje”, disse. Nesta terça-feira (2/9), às 9h, a Primeira Turma do STF iniciou o julgamento do chamado "núcleo 1" ou "núcleo crucial" da denúncia sobre tentativa de golpe de Estado. Entre os réus, estão generais de quatro estrelas e um almirante da Marinha.
Ao justificar sua posição sobre a anistia, Caiado recorreu à memória do político mineiro Juscelino Kubitschek, que, em 1959, sofreu uma tentativa de golpe para tirá-lo da Presidência da República, cargo que ocupava desde 1956. “Juscelino sempre trabalhou no sentido de pacificar, e ele foi vítima de um golpe, de uma tentativa de golpe. E ele falou, olha, vamos pacificar o Brasil, vamos lá anistiar esse pessoal. Deixa eu trabalhar, que eu tenho que construir o Brasil, tenho que construir Brasília, tenho que fazer o desenvolvimento, chegar no oeste brasileiro, ocupar esse país. Tenho que criar universidades, tenho que criar rodovias, tenho que trazer indústria para o Brasil”, disse.
"Baderna"
Na entrevista, Caiado disse considerar uma "baderna" os ataques à Praça dos Três Poderes, ocorrido em 8 de janeiro de 2023. Questionado se não havia um contrassenso entre defender a anistia pelos atos de 8 de janeiro e, ao mesmo tempo considerar os ataques uma "baderna", Caiado negou e transferiu a responsabilidade pelo episódio para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Em primeiro lugar, se eu estivesse no governo, na Presidência da República, o 8 de janeiro não teria acontecido. Você acha que um presidente há oito dias no comando do país vai estar no interior de São Paulo inaugurando uma obra insignificante enquanto todo mundo ali tinha informação que as pessoas ali estavam. (...) Foi surpreendido ou existia uma conivência para que se criasse o fato?”, questionou.
Segurança
A respeito das prioridades numa eventual gestão no Planalto, Caiado disse que uma ‘ação imediata’ seria considerar as facções do narcotráfico como organizações terroristas. “O Brasil tem 60 milhões de pessoas escravizadas pelo narcotráfico. Representa 26% da nossa população. E as ações criminosas estão entrando em tudo”, afirmou. “E a população sem condições de estar enfrentando essa dificuldade porque o estado se curva ao crime no Brasil e o PT sempre foi complacente com o crime no Brasil. Essa é a grande realidade”, completou.