A recente decisão que tornou inelegível o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), gerou certa animação no Partido Novo e ajudou a consolidar a figura de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, como presidenciável. No cenário em que há uma tentativa de união de nomes da direita para as eleições de 2026, a inviabilidade de Caiado concorrer é vista, dentro da legenda, como um catalisador da possível candidatura do governador mineiro à Presidência da República.

Por outro lado, fontes de dentro do partido ouvidas por O TEMPO revelam também certo receio sobre o futuro político da direita no país – tornando, assim, a inelegibilidade de Caiado “agridoce”. Segundo relatado à reportagem, há um sentimento de “quem será o próximo inelegível?” no ar, que se fortaleceu depois da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, agora, de Ronaldo Caiado. O medo é que se encontrem brechas dentro da legislação para inviabilizar mais candidatos do campo político em 2026, apontam as fontes.

O presidente estadual do Novo em Minas, Christopher Laguna, afirma que há um entendimento diferente entre a executiva nacional do partido e a executiva estadual sobre a figura de Zema e que, no Estado, nunca houve dúvidas de que o governador seria um potencial presidenciável. Apesar disso, ele admite que a saída de Caiado do pleito amplia a força política do governador de Minas Gerais. “Zema é um dos políticos que mais têm entregas para mostrar, tem muito mais entregas do que os outros. Caiado é um político muito conhecido (o que não é o caso de Zema). Além disso, Zema ainda é novo na política. Enquanto o governador mineiro tem sete anos de política, Caiado tem mais de 30”, diz o presidente estadual do Novo.

Romeu Zema, que vem dizendo há meses que quer “participar” do processo eleitoral em 2026, seja como candidato, como vice, ou como apoiador, ressaltou em um café com jornalistas, em 13 de dezembro, que não tem pretensões de se candidatar à Presidência da República.

Contudo, quando elogiava seu vice-governador, Mateus Simões (Novo), o chefe do Executivo mineiro reforçou que terá “duas grandes missões” em 2026. “Já disse que em 2026 eu tenho duas grandes missões: apoiar aqui o vice-governador, Professor Mateus, como candidato ao governo do Estado e, também, apoiar um nome da direita, centro-direita a presidente da República”, reafirmou o governador.

Também no encontro com jornalistas, o governador de Minas, em meio a críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pontuou que, em 2026, ele será visto com frequência durante as campanhas para a Presidência e para o governo de Minas. “Vocês vão me ver rodando Minas e o Brasil dando apoio ao Mateus e também a um candidato. (...) O que eu quero é contribuir com o Brasil, igual tenho contribuído com Minas”, disse ele.

Abuso de poder. A Justiça Eleitoral de Goiás condenou o governador Ronaldo Caiado à inelegibilidade por oito anos por abuso de poder político nas eleições municipais de 2024. A mesma decisão também cassou o mandato do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), que foi apoiado por Caiado.

Ainda cabe recurso contra a sentença, de primeira instância. Caiado não será retirado do poder, mas a decisão o torna inelegível até 2032, o que afeta a disputa pela Presidência da República, visto que ele tem se colocado como possível candidato no pleito dentro do grupo de governadores de direita que se uniram para buscar um nome forte para 2026.