A candidatura do governador Romeu Zema (Novo) a presidente da República em 2026 está engatilhada, mas ainda será avaliada pela direção do Novo. O governador mineiro é a principal estrela da legenda no país e conta com simpatia dos dirigentes, mas existe o receio de que a concentração de recursos em uma candidatura à Presidência da República retire dinheiro das campanhas de deputados federais. Isso poderia ser um obstáculo extra para que o partido supere a cláusula de barreira e tenha acesso ao fundo eleitoral nos próximos anos.

O partido está em processo de montagem da equipe que irá planejar a eleição de 2026. A escassez de recursos fez a preocupação vir à tona e colocou a legenda em uma encruzilhada. Por um lado, existe o temor de que o partido não consiga eleger o mínimo de deputados para ter acesso aos recursos do Fundo Eleitoral. Por outro lado, o Novo sabe que a candidatura do governador é a melhor oportunidade que a sigla tem de chegar à Presidência e manter protagonismo eleitoral.

Em 2022, o Novo não conseguiu atingir o número mínimo de deputados federais para ter acesso ao fundo eleitoral e enfrentou dificuldades para emplacar vitórias nas eleições municipais de 2024. O receio é que um novo ciclo eleitoral sem acesso aos recursos coloque em risco a própria continuidade da legenda.

O impasse teria pesado inclusive para a troca do marqueteiro do partido, responsável pelo planejamento eleitoral da legenda para o próximo ano. Leandro Grôppo, que acompanha o Zema desde sua primeira eleição em 2018, deixou o partido com críticas à postura do Novo em relação à disputa eleitoral. Ao Aparte, ele deu a entender que o sucesso em uma campanha presidencial não seria mais prioridade do partido. “O objetivo do grupo político não é mais a vitória, especialmente em nível federal. Por isso, não seria mais interessante caminhar junto”, afirmou.

O substituto de Grôppo é Renato Pereira, marqueteiro que comandou campanhas vitoriosas, como as de Aécio Neves (PSDB), em Minas, e Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro. Ele, inclusive, já acompanha o governador em entrevistas e estaria buscando uma nacionalização de Zema para torná-lo mais conhecido fora de Minas Gerais.

O Novo rejeita a fala de Grôppo e reforça que mantém o propósito de apresentar um projeto viável para a disputa presidencial do país, mas reconhece que a candidatura de Zema ainda está em discussão no diretório nacional.

Outros diretórios estariam preocupados com a concentração de recursos do partido em Minas Gerais. Nomes como os do deputado federal Marcel van Hattem (RS), do senador Eduardo Girão (CE) ou mesmo do ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol (PR), teriam sido levados por seus diretórios estaduais à instância nacional como possíveis nomes para 2026. 

A estratégia seria uma forma de marcar posição e garantir recursos para as campanhas estaduais. A direção do Novo em Minas minimiza possíveis disputas internas. “O Zema tem a unidade do partido. Mas para ele ser candidato, não só ele como os deputados federais, o Mateus Simões e os demais, é preciso os votos na convenção. Quem vota na convenção nacional são os presidentes estaduais. O novo funciona assim. Então o que o Zema vai precisar são os votos dos convencionais do partido, na convenção partidária. Isso é igual em todos os outros partidos”, diz o presidente estadual do Novo, Christopher Laguna.