O grupo político de Romeu Zema (Novo) colocou como prioridade as articulações para definição sobre o futuro do governador de Minas, cujo segundo mandato à frente do Palácio Tiradentes acaba em 31 de dezembro de 2026. Já é certo, porém, que ele deixará o posto antes.

Como quer se candidatar no pleito de 2026, para cargo ainda não definido, Zema tem que sair do governo ao menos seis meses antes da disputa, conforme determina a legislação eleitoral. Com isso, resta pouco mais de um ano para a saída. Em 2026 haverá eleição para presidente, governadores, duas vagas para o Senado, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas.

É fato que uma definição sobre o cargo a que concorrer pode ser feita mesmo depois de sua saída do governo, mas peças importantes da política nacional já estão se posicionando, e “zemistas” temem ficar para trás. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), por exemplo, já se colocou como pré-candidato ao Planalto e citou a possibilidade de ter o cantor Gusttavo Lima como vice.

Zema não descarta ser candidato a presidente, mas também pode ser encaixado como vice em uma chapa. A última opção seria a busca de vaga no Senado. Uma possibilidade para o governador de Minas, caso sua candidatura como presidente não se concretize, seria vice na chapa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o nome mais forte até agora no grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele permaneça ilegível.

Essa possível negociação, no entanto, é vista como melindrosa. Zema, pela segunda vez consecutiva, faltou a um ato organizado por Bolsonaro, desta vez no Rio de Janeiro, anteontem, em defesa da anistia dos participantes do 8 de Janeiro. A outra ausência foi no 7 de Setembro do ano passado, em São Paulo.

Além de Tarcísio, governadores como o do Rio, Cláudio Castro (PL), e o de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), estiveram ao lado de Bolsonaro no ato no Rio. Não há qualquer chance de Castro ou Mello entrar numa disputa presidencial como cabeça de chapa, mas são aliados de primeira hora do ex-presidente, com capacidade de pelo menos serem ouvidos na montagem de uma chapa.

Zema não é considerado um “bolsonarista de carteirinha”. É bom lembrar, porém, que foi um dos primeiros governadores a desembarcar em Brasília, em outubro de 2022, para anunciar apoio ao hoje ex-presidente, que acabara de ir para o segundo turno da eleição. Tudo isso está sendo pesado pelo grupo de Zema – e também pelo de Bolsonaro – para as negociações visando a 2026.

A preocupação do grupo político de Zema, que é liderado pelo vice-governador Mateus Simões (Novo), não é apenas com o colega, mas também com o futuro do partido. Zema é o principal nome da legenda no país e é fundamental que tenha um cargo de destaque no cenário nacional para ajudar a manter a relevância da sigla.

Zema é o único governador do partido. Em Minas, a legenda tem chances de continuar comandando o Estado com Simões, que substituirá o governador na desincompatibilização e será candidato à reeleição no ano que vem. Não deve ter, no entanto, uma disputa fácil pela frente, já que entre os demais possíveis candidatos ao cargo estão os senadores Rodrigo Pacheco (PSD) e Cleitinho (Republicanos).