O anúncio feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na sexta-feira (29/8), sobre a liberação de R$ 1 bilhão para a ampliação da Linha 1 do metrô de Belo Horizonte, incluiu um novo capítulo à história do modal, que, nas duas últimas décadas, tem sido marcada por muitas promessas e poucos avanços efetivos. Da construção de novos terminais à criação de uma linha subterrânea que ligaria a Savassi (Centro-Sul) à Lagoinha (Nordeste), sobram exemplos de discursos encampados por prefeitos, governadores e presidentes da República que, apesar de criar forte expectativa entre os usuários do serviço, resultaram em projetos que se arrastam há anos ou que nunca saíram do papel.
A última vez em que o metrô da capital mineira teve um projeto de expansão entregue foi em 2002, com a conclusão das estações 1º de maio, Waldomiro Lobo, Floramar e Vilarinho. Um ano antes, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do então governador Itamar Franco, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) havia liberado R$ 24 milhões para estudos sobre as obras da Linha 2, que levaria os trilhos do Calafate (Noroeste) à região do Barreiro.
No ano seguinte, quando assumiu seu primeiro mandato, Lula chegou a declarar que o modal em Minas seria prioridade em seu governo, mas depois daqueles primeiros oito anos à frente do Executivo federal, nem um metro de trilho foi instalado. Sucessora do petista, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi além ao anunciar, em 2011, a liberação de R$ 3,16 bilhões para a modernização da Linha 1 e a criação de duas novas linhas. Em 2013, ano pré-eleitoral, ela prometeu mais R$ 2 bilhões para o projeto. Naquele mesmo dia, porém, O TEMPO revelou que apenas 2% dos recursos anunciados em 2011 haviam sido, de fato, liberados.
Em nível estadual e municipal, as promessas sobre o metrô de BH também atravessaram diferentes gestões. Em maio de 2008, por exemplo, o então governador Aécio Neves (PSDB) disse esperar concluir ainda naquele ano um projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para assegurar a conclusão das obras de ampliação do metrô até 2014. Já em 2012, na gestão de Antônio Anastasia (então no PSDB), o governo de Minas chegou a publicar a licitação do projeto básico de engenharia das Linhas 1, 2 e 3, incluindo o trecho subterrâneo com 4,5 km de trilhos entre a Lagoinha e a Savassi.
Em um dos episódios mais marcantes envolvendo os planos frustrados para o metrô da capital, em 2012, o então prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda mandou furar buracos pelas ruas da região Centro-Sul da capital. As perfurações foram executadas pela Metrominas – extinta empresa pública formada pelo governo de Minas e os municípios de BH e Contagem – e faziam parte da elaboração de estudos de sondagem de terreno para a construção da linha subterrânea. Cerca de R$ 60 milhões foram investidos no projeto, que acabou engavetado.
Em 2022, sob a gestão do governador Romeu Zema (Novo) e do então presidente Jair Bolsonaro (PL), a gestão do metrô da capital foi concedido à iniciativa privada. Com aporte de R$ 2,8 bilhões do governo federal, R$ 428 milhões do governo de Minas e R$ 500 milhões da vencedora da licitação, a Metrô BH iniciou ainda em 2023 as obras de revitalização da Linha 1 e de construção da Linha 2. A promessa é que até 2029 a nova linha tenha sete estações em funcionamento, levando os trilhos do bairro Nova Suíça ao Barreiro.
A verba liberada pelo governo Lula na semana passada, por sua vez, atende a uma demanda pleiteada principalmente pela prefeita Marília Campos (PT), de Contagem. Hoje, a única estação em funcionamento na cidade é a terminal Eldorado. Agora, o projeto contemplado pelo Novo Pac - Mobilidade prevê ampliar a Linha 1 em 3,6 km para conectar a estação Novo Eldorado – em já obras – a um outro terminal a ser construído no bairro Beatriz, na interseção entre a avenida João César de Oliveira e a Via Expressa.