ALMG

Deputado propõe federalização da Cemig e da Codemig para abater dívida de MG

Professor Cleiton (PV) considera que projetos são alternativas ao Regime de Recuperação Fiscal para equilibrar as contas públicas estaduais

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 | 15:27
 
 
 
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O deputado estadual Professor Cleiton (PV) propõe como alternativa para equilibrar as contas públicas de Minas Gerais a transferência das ações e do controle da Cemig e da Codemig para o governo federal. Como contrapartida, o valor das empresas seria abatido da dívida do Estado com a União, atualmente em cerca de R$ 147 bilhões.

O parlamentar protocolou dois projetos de lei na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), 265/2023 e 284/2023, autorizando o governador Romeu Zema (Novo) a realizar as operações. Os textos também preveem que, após a quitação da dívida, o governo estadual possa recomprar as ações da União e voltar a ser o dono das duas empresas se assim desejar.

Segundo Professor Cleiton, a proposta é um caminho para equilibrar as contas públicas de Minas que não passa pelo Regime de Recuperação Fiscal (RRF), programa de refinanciamento das dívidas dos estados com a União que é defendido pelo governo Zema como a única alternativa para recuperar as finanças mineiras.

Zema ainda negocia a adesão ao RRF com o governo federal, mas já deixou claro que o principal pilar do plano é a privatização da Codemig. O governador também já manifestou o desejo de privatizar a Cemig 

Questionado sobre a proposta de federalização, o Palácio Tiradentes informou que não comenta projetos em tramitação na ALMG pois respeita a autonomia dos deputados para discutir temas de interesse público.

A estimativa do governo Zema é que, sem a adesão ao RRF, Minas desembolse cerca de R$ 10,9 bilhões por ano para quitar a dívida com a União. Na visão de Professor Cleiton, com a federalização das empresas e o abatimento da dívida, o dinheiro poderia ser utilizado em outras áreas.

“A federalização dá fôlego ao governo do Estado para realizar uma recuperação fiscal que em nenhum momento vai prejudicar o povo de Minas e o servidor público. Dentro dos moldes que eram exigidos pelo governo federal anterior (via RRF), estava previsto o congelamento de salários do servidor por 9 anos, por exemplo”, avalia Professor Cleiton.

De acordo com o deputado, a participação do governo de Minas na Cemig atualmente está avaliada em R$ 25 bilhões. Ainda segundo o parlamentar, a federalização apenas da Codemig já seria suficiente para abater toda a dívida mineira com a União.

“Seria uma negociação que, se for bem feita, poderia levar o governo estadual a recuperar sua capacidade fiscal e fazer com que a gente tenha uma sobra de dinheiro para investimentos em infraestrutura que hoje se tornaram altamente necessários em Minas Gerais”, diz ele.

Professor Cleiton vai a Brasília nesta semana onde terá reuniões com ministros da área econômica do governo Lula, que, segundo ele, demonstraram interesse na proposta de federalização.

O deputado defende que transferir o controle das empresas para a União é melhor do que privatizá-las porque energia e mineração são setores considerados estratégicos.

“Não sou um anti-privatista radical. Sou defensor de um Estado mais presente. No entanto, o que a gente tem percebido é que esses setores de minério e de energia, onde foram privatizados, está acontecendo uma tendência à reestatização. São áreas diretamente ligadas à soberania nacional e a própria questão de independência financeira do Estado, que podem gerar lucro e impactar na vida das pessoas mais pobres”, defende ele. 

“O governo federal tem na equipe ministerial hoje os chamados desenvolvimentistas, que estão na equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que também entendem que seria importante o Estado estar a frente desses setores considerados estratégicos”, concluiu o deputado do PV.

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