O racha dentro PT continua mesmo após a definição de Nilmário Miranda como o candidato da sigla à Prefeitura de Belo Horizonte. No domingo, 19, o deputado federal Rogério Correia (PT), que foi derrotado em votação interna do partido, criticou o processo de escolha da legenda na capital mineira.
Em resposta a uma postagem que anunciava que 2 mil filiados do PSOL escolheram Guilherme Boulos e Luiza Erundina para comporem a chapa do partido na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Correia parabenizou a legenda por “garantir o processo democrático de escolha em SP”, abrindo margem para a interpretação de que o mesmo não teria ocorrido em Belo Horizonte.
“O PT andou para trás e em BH apenas 45 pessoas do diretório afiançaram uma candidatura da burocracia nacional e me interditaram por ser mais à esquerda. Boa sorte Boulos e Erundina”, escreveu o deputado.
Na votação que escolheu o ex-secretário de Direitos Humanos do governo Lula, Nilmário Miranda, como o candidato do PT em Belo Horizonte, 45 pessoas votaram de forma virtual: Miranda teve 34 votos contra 11 de Rogério Correia.
A postagem de Rogério Correia expressa mais do que a insatisfação com a derrota: marca, mais uma vez, a diferença de visões sobre o posicionamento do PT nas eleições. Nos últimos meses, ele defendeu que o partido trabalhasse para formar uma frente de esquerda, em uma chapa que poderia ser liderada pela candidata do PSOL, a deputada federal Áurea Carolina, cuja candidatura o próprio Correia já declarou que deveria ser levada em consideração.
A tese foi derrotada internamente e o PT decidiu lançar candidatura própria. Oficialmente, a estratégia eleitoral do partido aprovada em junho também prevê que o partido trabalhe para formar de uma frente de esquerda. No entanto, o PT não abre mão que um nome do partido seja o cabeça de chapa nesse cenário.
Na prática, PT e PSOL disputam quem deve ser o aglutinador das forças de esquerda nas eleições municipais, embate que se repete em outras capitais do país, como São Paulo e o Rio de Janeiro.
O presidente do diretório municipal do PT em Belo Horizonte, Guima, contemporizou as declarações feitas pelo deputado federal e afirmou que o processo eleitoral interno aconteceu de forma democrática.
“O Nilmário acabou vencendo o Rogério no processo interno. Mas isso foi precedido por diversas plenárias, reuniões, atividades de programa e debates entre os pré-candidatos. Tudo dentro da mais alta tradição democrática do PT, com todas as forças políticas participando”, disse.
Guima também negou ter havido qualquer interdição em relação à candidatura de Rogério Correia.
“Isso nunca ocorreu. Eu acho que é uma palavra infeliz e não expressa a opinião do Rogério. Twitter você sabe como é, aquele negócio de tweetar rápido. Mas com certeza não expressa a opinião do Rogério nem do grupo dele porque é uma frase solta de uma única liderança do partido e não há um movimento. É uma opinião dele”, afirmou.
O Aparte tentou contato com o deputado federal Rogério Correia, mas não foi possível realizar a entrevista por causa da agenda do parlamentar. Ele disse que estava participando de diversas reuniões para discutir a PEC que torna permanente o Fundeb no Brasil e aumenta a contribuição da União na educação básica.
@julianopsol50
— rogeriocorreia_ (@RogerioCorreia_) July 19, 2020
Parabéns PSOL por garantir processo democrático de escolha do candidato em SP.
O PT andou para trás e em BH apenas 45 pessoas do diretório afiançaram uma candidatura da burocracia nacional e me interditaram por ser mais à esquerda.
Boa sorte Boulos e Erundina. https://t.co/OmdGTFgbfa