BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “vem se esforçando para fazer um bom trabalho” e garantir estabilidade fiscal ao país, mas " tem ficado vencido nas discussões internas e na tomada de decisões finais” no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Motta citou como exemplo o corte de gastos, anunciado no final de 2024 em um pronunciamento junto à isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ele falou em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (4).
“[O corte de gastos] acabou trazendo uma repercussão muito negativa. O ministro tinha um outro posicionamento, mas outros integrantes do governo acabaram ponderando e o presidente [Lula] decidiu de uma forma em que o ministro acabou não conseguindo implementar 100% a sua agenda e o seu posicionamento”, afirmou.
Para Motta, “parece que o governo tem muita dificuldade” em fazer movimentos como corte de gastos, mas a gestão Lula “precisa individualmente reconhecer que a situação fiscal é grave”. De acordo com ele, números econômicos “são muito preocupantes” e podem gerar consequências para a população, especialmente pela taxa de juros e a alta do dólar.
O novo presidente da Câmara afirmou Haddad “tem bom relacionamento” com o Congresso Nacional, onde articulou medidas econômicas nos últimos meses, e que isso pode ajudá-lo com "uma agenda onde a responsabilidade fiscal possa ser colocada como prioridade”. “Ele terá de nós total apoio nessa agenda. O Congresso tem a estabilidade fiscal como uma prioridade".
“O ministro Haddad me parece que também tem uma agenda convergente nesse sentido, para que de forma política possa ganhar mais força junto ao governo para que a responsabilidade fiscal venha a ser uma prioridade para o presidente Lula nesses próximos dois anos”, declarou na entrevista.