BRASÍLIA — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu a necessidade de uma política de cortes nas despesas do governo Lula para equilíbrio do cenário econômico, que enfrenta turbulências neste início de ano — principalmente aceleradas pelo preço dos alimentos, que pressiona a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"As medidas que o governo precisa adotar para trazer um cenário de mais estabilidade passa pela discussão, na minha avaliação, de um corte nas despesas, de um corte de gastos para que, de certa forma, não tenhamos os indicadores saindo do controle", declarou nesta sexta-feira (7) durante agenda na Paraíba.
Na quarta-feira (5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi à Câmara dos Deputados e entregou a ele uma lista de 25 pautas prioritárias para a economia e que dependem do Legislativo brasileiro.
Sete delas serão entregues pelo Palácio do Planalto nas próximas semanas — e entre elas consta o Projeto de Lei (PL) para ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda, contemplando quem recebe salário de até R$ 5 mil.
Motta disse que se comprometeu com a agenda econômica do país e colocou a Câmara à disposição das discussões que chegarem do Planalto. "A pauta econômica estará sempre como prioridade na Câmara dos Deputados. A nossa agenda com o ministro foi uma agenda de disposição para colaborar com o momento econômico que o Brasil está vivendo", pontuou.
Questionado sobre a declaração do presidente Lula, que sugeriu nessa quinta-feira (6) a troca de 'produtos caros' por similares no supermercado, Motta minimizou a polêmica e defendeu que o Executivo está 'preocupado com a situação dos alimentos'. "Resolver a situação da alta dos alimentos no nosso país não passa por decisões simples e fáceis", disse.
Ele propõe uma política de enfrentamento á questão fiscal sem a adoção de 'paliativos'. "A discussão sobre a mudança de rumo no que diz respeito à economia passa pelo governo tendo mais responsabilidade para discutir o corte de gastos e despesas. É o que, na minha avaliação, irá resolver esse problema e tantos outros", concluiu.
Os cortes sugeridos por Hugo Motta iriam além do pacote de contenção fiscal proposto pela equipe econômica de Lula no ano passado e votado pelo Congresso Nacional no apagar das luzes daquele Ano Legislativo.
As propostas sofreram críticas da oposição, que atacou o governo com a acusação de que eram necessários cortes nas despesas do próprio Executivo.
O ministro Fernando Haddad e líderes da base têm repetido que o Congresso também é culpado pela situação econômica, principalmente pela descaracterização de propostas de contenção de gastos remetidas ao Legislativo.
A principal delas é a desoneração da folha de pagamento para empresas de 17 setores; a proposta inicial da Fazenda era pôr fim ao benefício e determinar a reoneração de setores e municípios, mas, os parlamentares derrotaram o governo.