BRASÍLIA - O hacker Walter Delgatti Neto depõe à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados na quarta-feira (10/9). Ele é uma das testemunhas indicadas pelos advogados da deputada Carla Zambelli (PL-SP) no processo que pode levar à cassação do mandato dela.

A Câmara se debruça sobre um pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) pela cassação da deputada condenada a 10 anos de prisão por invasão de sistemas e adulteração de documentos no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli fugiu para a Itália em junho, passando antes pelos Estados Unidos. Ela foi presa em julho, e aguarda parecer da justiça italiana sobre sua extradição.

A comissão da Câmara avalia o pedido de cassação do mandato da deputada. A defesa de Zambelli pediu que o hacker, também condenado na ação sobre a invasão ao CNJ, seja ouvido como testemunha. "Torna-se imperiosa a oitiva de Walter Delgatti Neto, delator que constitui a base das acusações contra a deputada Carla Zambelli", solicita.

"A credibilidade de seu testemunho é fundamental para a análise desta CCJ, especialmente considerando que ele já foi rotulado de mitômano pela Polícia Federal em investigações correlatas", prosseguem os advogados. "Ignorar essa qualificação e não submeter seu depoimento ao crivo do contraditório seria comprometer a legitimidade de qualquer conclusão", concluem.

Também na quarta-feira será ouvido Michel Spiero. Ele era assistente técnico de Zambelli. A defesa da deputada também pediu que ela preste depoimento à comissão, e, além dela, que também falem o delegado Flávio Vieitez Reis, e o policial federal Felipe Monteiro de Andrade. 

Esses dois atuaram no inquérito contra Zambelli. Há ainda outra testemunha na mira dos advogados. Trata-se do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que enfrenta, no STF, julgamento por tentativa de golpe de Estado.

Após os depoimentos, o relator do processo, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), apresentará um parecer pela cassação ou pela manutenção do mandato. O caso também será votado no plenário da Câmara, e são necessários, pelo menos, 257 votos para cassar o mandato de Zambelli.