BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou nesta sexta-feira (7) que pretende atender recomendação do Supremo Tribunal Federal (STF) para corrigir as distorções de representação na Casa. Para isso, Motta sugeriu a criação de 14 cadeiras para aumentar o número de parlamentares para 527. 

Em entrevista à rádio paraibana Arapuan FM, Motta negou impacto financeiro da proposta e afirmou que serão necessários cortes para não aumentar as despesas da Câmara dos Deputados. "Faremos tudo dentro do orçamento, de forma equilibrada para que essas vagas não aumentem os custos da Casa", disse.  
 
Números do Portal Transparência da Câmara mostram que um deputado tem gasto médio anual de R$ 2,47 milhões. Os 14 novos deputados custariam, portanto, mais R$ 650 mil por mês aos cofres públicos, apenas com salário.  
 
Levando em conta a cota parlamentar, que varia de acordo com o estado, mas custa em média R$ 45 mil mensais, esse gasto extra poderia chegar a R$ 1,2 milhão por mês. Isso sem considerar o custo com assessores e despesas de gabinete e benefícios, como auxílio-moradia ou o apartamento funcional. 
 
O presidente da Câmara precisaria realocar recursos do Orçamento do Legislativo para acomodar os novos deputados, sem aumentar gastos. 
 
A Corte impôs um prazo para o Legislativo resolver o impasse na composição da Câmara — 30 de junho. Motta, porém, antecipou nesta sexta-feira que pretende compor um acordo com as bancadas partidárias, o próprio STF e o Senado Federal para chegar a uma decisão consensuada. 
 
"Vamos procurar o Supremo Tribunal Federal. Não queremos prejudicar os Estados que ganhariam cadeiras [com uma mudança na distribuição], mas queremos evitar que outros Estados percam. Estados muito importantes perderiam bastante com a redução de suas vagas", declarou. 
 
"Penso que a solução seria um grande acordo para que aumentemos o número de vagas em 14, assim ninguém perderia", completou. 
 
Atualmente, está em tramitação na Casa um Projeto de Lei Complementar (PLP) que muda a distribuição das cadeiras por Estado. O texto, no entanto, encontra resistência das bancadas que vão ver o número de deputados diminuir, caso da Paraíba, estado de Motta.

Após o último Censo do IBGE, o STF identificou que há Estados com poucos representantes na Câmara dos Deputados diante do número de eleitores — enquanto outros teriam muitos representantes para uma quantidade inferior de eleitores. Caso o Legislativo não faça os ajustes até 30 de junho, a distribuição será feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).