BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou as críticas feitas pelo pastor Silas Malafaia ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), no último dia 6, durante ato a favor da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista, Bolsonaro afirmou que o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo "não sabe como funciona um Parlamento".

“Malafaia é verdadeiro e objetivo, mas não entende como funciona um Parlamento, com todo o respeito. Ele é um líder evangélico, mas não teve a experiência que eu tive: 28 anos como deputado, 2 como vereador e 4 na Presidência. Não é possível resolver as coisas na base da pancada”, disse, ao podcast Direto de Brasília.

Em seu discurso, durante o ato realizado no domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo, Malafaia afirmou que Motta “envergonha o honrado povo da Paraíba”. O pastor acusou o presidente da Câmara de ter orientado líderes partidários a não assinarem o pedido de urgência do projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Na quarta-feira (9), Bolsonaro elogiou Motta e afirmou ter "carinho" pelo paraibano. “Ele me trata muito bem e a recíproca é verdadeira. Então de vez em quando a gente se encontra por aí e trata de vários assuntos”, disse.

O ex-presidente reafirmou também que Motta se comprometeu a pautar a urgência do PL da Anistia. “Não precisamos lembrar. Ele sabe o que está acontecendo. Se a gente conseguir as assinaturas ele vai botar em votação”, afirmou.

“Desde a campanha [para a presidência da Câmara], ele [Hugo] fala: ‘A maioria dos líderes querendo priorizar uma pauta, nós vamos atender à maioria’. Ele não participa da votação, tanto é que o voto foi pela abstenção. Não precisa lembrá-lo disso aí, ele sabe bem o que está acontecendo. Se a gente conseguir assinatura, ele vai botar em votação, tenho certeza disso”, disse Bolsonaro, em entrevista.

Bolsonaro se reuniu com Motta

Jair Bolsonaro se reuniu, na tarde de quarta-feira (9), com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para debater sobre o projeto de lei que dá anistia aos presos pelos episódios do dia 8 de janeiro de 2023.

O encontro aconteceu em meio à articulação do Partido Liberal para conseguir aprovar a urgência do texto e levar a medida para análise direto no plenário da Câmara. Até o momento, a legenda tem 246 assinaturas, das 257 necessárias para levar o projeto ao plenário.

Além de beneficiar condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos ataques de 8 de janeiro, a proposta pode beneficiar o ex-presidente, réu por tentativa de golpe em 2022.

Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em fevereiro, com mais 33 aliados, pelos seguintes crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.  

PL da Anistia segue travado na Câmara

Para dar andamento ao projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, o PL quer a votação de um requerimento de urgência para que o texto da proposta seja analisado no plenário.

O projeto chegou a ser debatido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no ano passado, mas travou depois que o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) anunciou, em outubro, a criação de uma comissão especial para análise da proposta. O colegiado ainda não saiu do papel, mas continua sendo uma pauta prioritária para a oposição.