BRASÍLIA - O deputado federal Diego Andrade (MG) afirmou que seu partido, o PSD, “não fechou questão” sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O tema é discutido em um projeto de lei na Câmara que teve, na segunda-feira (14), um pedido de urgência protocolado. Ele falou em entrevista ao O TEMPO Brasília no Café com Política.

Da bancada, 23 dos 44 deputados assinaram o requerimento de urgência, incluindo Andrade. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem dito que o presidente da legenda, Gilberto Kassab, declarou apoio à pauta, mesmo ocupando cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  

“Nós não tivemos nenhuma reunião no partido sobre esse assunto. Essa pergunta tem que ser direcionada ao [ex-]presidente Jair Bolsonaro e ao presidente Gilberto Kassab”, respondeu sobre as falas de Bolsonaro. “No momento que estive com ele [Kassab], a gente tratou de outros temas. O partido não fechou nenhuma questão com relação a isso”, disse. 

O deputado lembrou que, pela posição que ocupa, o PSD “é um partido que tem membros que que discordam e tem membros que concordam”. “É natural ter divergências nesse tema. Mas eu tenho visto não só no PSD, mas também com deputados de bom senso aqui no Congresso Nacional, que o que está incomodando a grande maioria é o exagero das penas”.  

Diego Andrade creditou o debate sobre anistia às condenações do Supremo Tribunal Federal (STF) aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. De acordo com ele, as penas, que chegam a 17 anos de prisão, são exageradas”, “abusivas” e “extremamente desproporcionais”. 

O mineiro se disse favorável ao perdão por essas circunstâncias, mas indicou que poderia reconsiderar sua decisão se o Judiciário fizesse uma revisão das penas aplicadas.  

“Eu sou completamente contra as invasões do dia 8. A gente não pode permitir ações como essa. Mas as penas estão extremamente desproporcionais, na minha avaliação. São penas exageradas para, às vezes, pessoas que são réus primários, não têm histórico de criminosos. Tiveram esse erro em um momento de muita tensão entre esquerda e direita e muita indignação, e cometeram essa falha que merece ser punida. Mas eu costumo dizer que a diferença do remédio do veneno é a dose”. 

“Se tivessem sido penas um pouco mais moderadas, eu tenho certeza que esse assunto não estaria sendo debatido aqui. Essa posição é individual minha, não é uma posição de partido, mesmo porque nós não tivemos reunião de bancada para tratar disso”, completou. 

PSD no governo Lula

Enquanto comanda três ministérios no governo Lula, o PSD tem seu presidente, Kassab, com cargo no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo e com interlocução direta com Bolsonaro. O deputado acredita que a permanência no governo do PT "é um debate”, apesar do histórico de certa independência do partido. 

“O PSD, pelo que eu pude observar seja no governo passado, seja nesse governo, permite que os deputados trabalhem com total independência. Isso é muito bom e não tem preço. Eu nunca tive uma imposição de um voto por parte do PSD”, frisou. “Às vezes determinado assunto que pode ser uma orientação do partido, se não fizer bem para Minas Gerais, eu não vou acompanhar e não sou retaliado por isso”.  

Andrade lembrou que essa posição do partido sempre foi “muito forte na Câmara” e que ele chegou a ocupar o cargo de líder da Maioria no governo Bolsonaro. "Tinha parlamentares respeitados que eram mais ligados à esquerda e vários de centro sendo direita. Saber conviver com todos eu acho que é uma grande virtude do partido”, afirmou. 

Eleições 2026 

Sobre as eleições para 2026, Diego Andrade defendeu que o PSD tenha nome próprio tanto ao governo de Minas Gerais, quanto à Presidência da República. Na corrida ao Palácio do Planalto, tem o nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como preferido. 

“Na minha avaliação, é o melhor é candidato que o Brasil tem. Jovem, dinâmico, conciliador e muito trabalhador. [...] Mas ele também tem um desafio, que é ser escolhido como candidato do partido e o partido decidir isso. A minha torcida é que dê certo”, afirmou. 

O deputado declarou que a política passa por uma ascensão de novas lideranças. "Seja o de esquerda com Lula, seja de direita com Bolsonaro, [há] uma necessidade de jovens lideranças. São vários jovens. Você tem o Ratinho mais de centro-direita. No PSB, tem o [prefeito de Recife] João Campos mais de centro-esquerda, que está trabalhando também de forma muito positiva, e tanto os outros”, destacou.