Militares das Forças Armadas que trabalharam ou que são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram alvo dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro. Pelo menos oito nomes foram convocados para depoimentos, e cinco compareceram ao colegiado.

Entre eles, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid é considerado uma peça-chave e compareceu em 11 de julho, mas não respondeu às perguntas amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). Recentemente, o militar firmou delação premiada com a Justiça.

Dois ministros do primeiro escalão de Bolsonaro entraram na mira. O general Augusto Heleno, que chefiou o GSI, prestou depoimento na última terça-feira (26). O general Walter Braga Neto deve comparecer em 5 de outubro, mas o depoimento ainda não foi convocado oficialmente pela CPMI. Ele foi ministro da Casa Civil e da Defesa e disputou o cargo de vice na chapa de Bolsonaro à reeleição.

Dos militares que foram convocados na linha de frente da investigação, apenas o general Gonçalves Dias não tinha ligação com Bolsonaro. Ele foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deixou o cargo após imagens o mostrarem dentro do Palácio do Planalto em meio à invasão do prédio.

Veja abaixo a lista dos militares ligados a Bolsonaro que foram alvo da CPMI do 8 de janeiro no Congresso Nacional:

  • Coronel Jean Lawand Jr. - compareceu em 27 de junho após ter divulgadas conversas com Cid em que pregou um golpe de Estado;
  • Tenente-coronel Mauro Cid - compareceu em 11 de julho, mas permaneceu em silêncio;
  • Sargento Luís Marcos dos Reis - compareceu em 24 de agosto. Ele foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
  • General Gustavo Henrique Dutra Menezes - compareceu em 14 de setembro. Ele chefiou o Comando Militar do Planalto e é suspeito de ter vetado a retirada do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília (DF);
  • Segunto-tenente Osmar Crivelatti - faltou ao depoimento em 19 de setembro após conseguir liberação pelo ministro André Mendonça, do STF. Ele foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
  • General Augusto Heleno - prestou depoimento em 26 de setembro. O militar foi chefe do GSI no governo Bolsonaro;
  • General Walter Braga Netto - tem depoimento previsto para 5 de outubro;
  • Ex-major Ailton Barros - apesar do requerimento de convocação aprovado, não teve o depoimento marcado. Expulso do Exército após prisões, o militar foi flagrado em conversas com teor golpista;
  • Coronel do Exército Antônio Elcio Franco Filho - apesar do requerimento de convocação aprovado, não teve o depoimento marcado. Foi secretário-executivo do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro.

Abaixo, militares do Exército ligados a Bolsonaro que tiveram pedidos de convocação apresentados, mas não votados:

  • General Mauro Lourena Cid - pai de Mauro Cid, é suspeito de participar de esquema ilegal de joias de alto valor de patrimônio da União;
  • General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira - foi ministro da Defesa no governo Bolsonaro;
  • Almirante Almir Garnier Santos - ex-comandante da Marinha, teria colocado sua tropa à disposição de Jair Bolsonaro em suposta tratativa de golpe de Estado.

A lista conta com outros nomes do quadro militar do Exército, mas que não tiveram avanço no pedido de convocação para depoimento, especialmente de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional e do Batalhão da Guarda Presidencial no governo Bolsonaro.