O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu, na CPMI dos atos de 8 de janeiro, que houve encontros entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o hacker Walter Delgatti Neto, que presta depoimento à comissão nesta quinta-feira (17).
No entanto, ele nega que o objetivo dos encontros, que também envolveram a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e integrantes das Forças Armadas, tenha sido invadir o sistema das urnas eletrônicas, como afirmou Delgatti durante a oitiva.
"Não foram pra fazer invasão em sistema eleitoral nenhum. Ele próprio [Delgatti] falou que tem conhecimento teórico, nunca teria feito isso. Foi, na verdade, uma sondagem para que ele pudesse, junto com aquele grupo das Forças Armadas, que estava legalmente junto ao TSE para fazer os testes em urnas, mostrar para o TSE possíveis vulnerabilidades das urnas”, disse.
Segundo o filho do ex-presidente Bolsonaro, Delgatti mentiu durante seu depoimento à CPMI e a intenção era “instruir” o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Essa narrativa aqui, que foi criada pela manhã inteira, de que ele foi contratado pra fraudar as eleições, é uma mentira, um terror que foi criado. As conversas sempre foram no sentido de instruir o TSE, pra mostrar: ‘TSE, dá pra melhorar a segurança das urnas’”.
Durante as perguntas de Flávio Bolsonaro, Delgatti permaneceu em silêncio e não respondeu. O mesmo ocorreu nos questionamentos feitos por outros parlamentares da oposição.
Mais cedo, o hacker contou que participou de uma reunião no Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência da República), com o ex-presidente Bolsonaro, o ajudante de ordens Mauro Cid, o assessor da Presidência general Marcelo Câmara e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
No encontro, o então presidente da República o questionou sobre a possibilidade de invadir as urnas eletrônicas. Em caso de ser pego, Bolsonaro teria assegurado que lhe concederia um indulto.
O advogado do ex-presidente de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, foi às redes sociais para rebater as falas do hacker e disse que ele “mente, mente e mente”.
Assim como já havia dito em entrevistas e em depoimento à PF, Delgatti Netto reafirmou na sessão do colegiado, na manhã desta quinta, ter sido contratado pela deputada Carla Zambelli para participar de atividades criminosas. Mas ele trouxe novos elementos, comprometendo, entre outros, Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, com quem diz ter tido conversas para traçar um plano contra o TSE, as urnas e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No depoimento, Walter Delgatti Neto contou também que Bolsonaro pediu que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A defesa do ex-presidente nega. Fabio Wajngarten escreveu que nunca houve grampo “contra qualquer ente político do Brasil por parte do entorno primário do Presidente”.
Por meio de nota, a defesa da deputada federal disse que “Carla Zambelli novamente refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar”.