BRASÍLIA - O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro, ante déficit de R$ 37,3 bilhões (80%) no mesmo mês de 2023. No governo central e nas empresas estatais houve déficits de R$ 5,7 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.
As estatísticas fiscais do setor público brasileiro de novembro foram divulgadas nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC). O cálculo exclui as empresas financeiras ligadas ao Estado, como BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. O cálculo também não leva em conta as receitas da Petrobras. O déficit primário também não calcula as despesas com juros da dívida.
Em 2024, as estatais federais acumulam déficit de R$ 6,041 bilhões. O número se refere a mais de 100 empresas de diferentes setores.
Em 12 meses, o setor público consolidado acumulou déficit primário de R$ 192,9 bilhões, equivalente a 1,65% do PIB e 0,28 p.p. inferior ao déficit acumulado nos 12 meses até outubro, ainda segundo o BC. Os dados envolvem governo central (formado por Previdência e Tesouro, além do próprio BC), estados, municípios e estatais.
Os juros nominais do setor público não financeiro consolidado, apropriados por competência, somaram R$ 92,5 bilhões em novembro de 2024, comparativamente a R$ 43,6 bilhões em novembro de 2023.
O BC diz que esse aumento foi influenciado pelo resultado das operações de swap cambial (perda de R$ 20,3 bilhões em novembro de 2024 e ganho de R$ 18,3 bilhões em novembro de 2023).
No acumulado em 12 meses até novembro deste ano, os juros nominais alcançaram R$ 918,2 bilhões (7,85% do PIB), comparativamente a R$ 713,4 bilhões (6,56% do PIB) nos 12 meses até novembro de 2023.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 99,1 bilhões em novembro.
No acumulado em 12 meses, o déficit nominal alcançou R$ 1.111 bilhões (9,50% do PIB), ante déficit nominal de R$ 1.092,8 bilhões (9,42% do PIB) acumulado até outubro de 2024.
Mercado eleva previsão de inflação e do dólar para 2025
O mercado financeiro elevou a previsão de inflação para o próximo ano pela 11ª vez seguida e a do dólar pela nona vez consecutiva. De acordo com agentes do mercado financeiro consultados pelo BC, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2025 em 4,96%. No último boletim, divulgado na semana passada, o mercado previa um IPCA de 4,86% para o próximo ano.
A previsão consta no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo BC. O relatório semanal reúne as expectativas de agentes do mercado financeiro, como bancos de investimento, gestores de ativos e outras instituições do mercado.
A estimativa do Boletim Focus é mais pessimista que as previsões oficiais. O governo federal estima um IPCA de 3,1% para o próximo ano, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 aprovada no Congresso Nacional.
Dólar a R$ 5,96
Pela nona vez consecutiva, o Boletim Focus elevou a previsão do preço do dólar para 2025. De acordo com o relatório, a previsão é que a moeda custe, em média, R$ 5,96 no próximo ano. Há uma semana, o Boletim Focus estimava um dólar à R$ 5,90. Por sua vez, a LDO aprovada no Parlamento prevê uma taxa de câmbio média de R$ 4,98 para o próximo ano.
Por outro lado, o Boletim Focus manteve nesta semana a previsão para a taxa Selic de 2025, que é a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. O mercado manteve a estimativa de uma Selic a 14,75% ao ano em 2025. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Porém, o Boletim elevou a previsão da Selic para 2026, quando avalia que a taxa será de 12% ao ano. Na semana passada, o mercado estimava que a Selic em 2026 ficaria em 11,75%.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Boletim Focus prevê um crescimento de 1,8% em 2025. Há uma semana, o mercado estimava um PIB de 1,9% no próximo ano. Esta é a segunda semana seguida que o mercado financeiro reduz a estimativa do PIB para 2025. De acordo com os números oficiais previstos na LDO, o PIB em 2025 será de 2,5%.