O presidente reafirmou que nenhum ajuste nas contas do governo afetará benefícios sociais ou o salário mínimo, garantindo a correção inflacionária desses valores. "Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República", disse Lula.
Lula também criticou a decisão do Congresso Nacional de manter a desoneração da folha de pagamentos a 17 setores da economia, derrubando o veto presidencial ao texto. "Eles derrubaram o veto. Como a gente pode falar em gasto se estamos abrindo mão de receber uma quantidade enorme de recursos que os empresários têm que pagar?”.
Indicação para o Banco Central
Durante entrevista ao portal Uol, Lula foi questionado sobre a indicação do substituto do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que deixará o cargo em dezembro deste ano.
O petista afirmou que não considerará as expectativas do mercado ao tomar essa decisão: "Eu não indico o presidente do Banco Central para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. O mercado tem que se adaptar a isso”.
Entre os nomes ventilados estão o do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante; do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega; e do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo.
Esse último é tido como favorito e esteve na última terça-feira (26) no Palácio do Planalto. Segundo Lula, Galípolo "é um companheiro altamente preparado” e que “conhece o sistema financeiro”. “Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central", disse.
Críticas ao mercado
Em diversos momentos da entrevista, o petista aproveitou para criticar a atuação do mercado que, segundo ele, faz projeções de crescimento da economia brasileira trabalhando e torcendo para as coisas não darem certo: “Mas a economia vai crescer mais do que especialistas falam até agora”.
Ele completou que não caberia a ele criticar a taxa de juros, mas sim empresários do setor produtivo e entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de 10,50% quando a inflação está a 4%? Não é culpa sequer do BC, é culpa da estrutura que foi criada”, disse. “Ao invés de reclamar do governo deveriam fazer passeata contra taxa de juros", completou.