BRASÍLIA - O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que não adianta o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocar o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) para melhorar suas estratégias sem perceber problemas que vão além de um cargo.
Ele falou em entrevista ao O TEMPO Brasília nesta quarta-feira (15). Caiado se referiu à demissão de Paulo Pimenta do comando da Secom. Em seu lugar, assumiu o marqueteiro Sidônio Palmeira, que tomou posse na terça-feira (14).
“É algo inédito, não é? [...] Mudar o ministro da Comunicação, como se o responsável fosse a comunicação e não o governo. Ou seja, a notícia ruim não é a culpa daquilo que está acontecendo no dia a dia de um governo que tem sido um verdadeiro fracasso, mas sim o mensageiro que está sendo punido neste momento”, declarou.
Veja abaixo a íntegra da entrevista:
Na avaliação do governador, o governo deveria “fazer uma reflexão maior, mudar as suas posições e realmente passar a governar o Brasil", em vez de trocar um ministro para melhorar sua forma de se comunicar com a população.
“[A troca] é a maneira de tergiversar e não querer assumir que a falência não é da comunicação. A falência do governo, é da posição do governo que realmente não faz chegar nada que realmente dê condições de ter a sua popularidade preservada ou até ampliada”, frisou.
Relação de Lula com governadores
Caiado também criticou a relação que o governo federal mantém com governadores. De acordo com ele, Lula deveria aproveitar “a melhor safra de governadores do Brasil”, em referência a ele, Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Jr. (Paraná), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Tarcísio de Freitas (São Paulo).
“Se o governo federal aprendesse conosco, ele estaria governando o Brasil em condições bem melhores. Mas o pior é que ele é um péssimo aluno e nem aprender está dando conta daquilo tudo que nós já construímos nesses anos de gestão. Tanto o Zema, quanto o Ratinho, o Eduardo Leite e o Tarcísio, modéstia à parte nós temos trabalhado no sentido de dar uma dimensão aos nossos Estados”, afirmou.
Segundo Caiado, essa “safra de governadores” criou mecanismos para ampliar a confiança de investidores privados. “Nós somos da tese que não é ao Estado que cabe implantar essas estruturas empresariais, mas sim dar essas condições para que eles possam aportar a sua capacidade de gerar empregos, de gerar renda. Eu não quero disputar de maneira alguma com o empresário, eu quero é tê-los ao meu lado”, finalizou.
Ao comentar sobre Zema, Caiado disse ser uma pessoa que tem "respeito muito grande" e que "convive muito bem". Segundo o governador de Goiás, os dois também conversam com frequência.
"Ao Zema eu tenho todo respeito. É um empresário que realmente mostrou que é possível fazer política resgatando a dignidade da gestão pública. É uma pessoa que tem postura bem firme em relação a este assunto e com isso você vê que os Estados vão mudando", disse.