BRASÍLIA - Cida Gonçalves, que deixou nesta segunda-feira (5) o Ministério das Mulheres, justificou a troca no comando da pasta alegando que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa de "energia nova". 

"O que nós fizemos foi uma troca em que nós precisamos de energia nova, de espaços novos e eu também preciso voltar para o lugar de onde eu vim, o movimento feminista", disse Cida, a jornalistas.

"Não é uma troca por incompetência, por assédio, por rixa, não é isso. É uma troca de rumo, de momentos. Tem hora que você está no limite do esgotamento daquilo que você pode avançar, ampliar e gente nova chega com um novo olhar, com uma outra perspectiva. Eu acho que é isso", continuou.

Lula demitiu, nesta segunda-feira, Cida Gonçalves e anunciou para o lugar dela, Márcia Lopes, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante os primeiros mandatos do petista.

"Na verdade nós precisamos de um momento em que precisa renovar algumas coisas, eu acho que isso é importante. Eu tenho mais o perfil gestora. Eu também quero voltar para o outro campo da onde eu venho. Então é uma uma construção que é minha e do presidente com muita tranquilidade", destacou.

Cida Gonçalves negou também que as denúncias de assédio tenham contribuído para a saída do cargo. A ex-ministra das Mulheres foi alvo de denúncias por assédio moral e xenofobia. Contudo, a Comissão de Ética da Presidência arquivou um processo que a acusava de negociar a demissão de uma ex-secretária propondo verba para apoiá-la em candidatura e também uma acusação de racismo.

"Eu gostaria de dizer aqui que foi arquivado o processo na comissão de ética, apesar de isso estar sendo dito permanentemente, isso foi arquivado, não existe", disse Cida.

Segundo interlocutores, Lula demonstrava insatisfação com o desempenho de Cida Gonçalves à frente da pasta. A avaliação no entorno do presidente era de que o ministério vinha sendo pouco ativo, sem grandes anúncios, ações de impacto ou participação popular, algo considerado essencial em uma área que deveria ter mais protagonismo nas pautas sociais do governo.

Nova ministra diz que atuará com diálogo 

Em coletiva à imprensa, nesta segunda-feira, Márcia Lopes afirmou que o seu trabalho será de continuidade, "para ampliar" e "para ir ao encontro" das mulheres de todo o Brasil.

"O presidente Lula disse que ele quer ver as mulheres mais contentes, que ele quer ver as mulheres mais protegidas, que ele quer ver as mulheres em cada em cada município, nos 5.572 municípios nesse país, que elas se sintam respeitadas, acolhidas, ouvidas, escutadas. E aí, claro que é muito difícil um país com dimensões continentais dar conta de chegar em todos os lugares".

A nova ministra disse também que sua gestão será marcada pelo diálogo e que ela já iniciou conversas com outros ministérios.

"A política de mulheres é uma política intersetorial. Não é desse ministério que sai a execução direta dos serviços e das políticas públicas setoriais", ressaltou.

"Já falei esses dias com ministro Padilha, com o ministro Marinho, enfim, vamos lá na saúde, na educação, na cultura, na agricultura, no meio-ambiente, na ciência e tecnologia, no desenvolvimento e assistência social, buscar exatamente aquelas referências e o trabalho que cada ministério desse tem o dever de fazer em relação aos mais de 104 milhões de mulheres brasileiras nesse país", acrescentou.