BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), propôs ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) uma reunião com governadores para discutir a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil. A intenção de Ibaneis é que o encontro ocorra antes do início da cobrança da taxa, na sexta-feira (1º/8).

“Vim trazer para ele [Alckmin] um convite do Fórum de Governadores. Todos os governadores estão muito preocupados. Uns vão perder mais, outros menos, mas eu acho que nós temos condições de fazer um diálogo unindo toda a classe política brasileira em torno desse que é um problema nacional”, afirmou o governador nesta segunda-feira (28/7). 

De acordo com ele, a sugestão foi recebida “muito bem” por Alckmin. O vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem liderado as negociações pela sanção dos EUA em nome do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Em entrevista à imprensa depois da reunião, Ibaneis não descartou a ideia de formar uma comitiva de governadores para negociar a taxa diretamente em Washington, capital dos EUA, que seria órgãos da gestão Trump. A viagem seria semelhante a dos senadores que começaram nesta segunda-feira uma agenda na cidade americana em busca de espaço para diálogo. 

Em nota publicada nesta segunda-feira, a pasta comandada por Alckmin informou que continua buscando diálogo com os EUA “sem qualquer contaminação política ou ideológica”, mas reforçou que “a soberania do Brasil é inegociável”

Trump anunciou em 9 de julho a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. Na carta, endereçada a Lula e publicada em suas redes sociais, o presidente americano citou entre os motivos da sanção o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Trump, Bolsonaro sofre uma “caça às bruxas” como réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). 

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está nos EUA desde março em busca de sanções contra autoridades que conduzem processos que miram integrantes de sua família. Ele já condicionou, em posts e entrevistas, o fim da tarifa de Trump ao avanço da anistia pra envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.