BRASÍLIA - O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, minimizou a ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 10% sobre países que se alinharem ao Brics. Nesta segunda-feira (7), o principal conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a política externa, disse não se sentir incomodado com a situação.

"Ninguém falou mal no Brics, alguns fizeram críticas aos EUA, mas outros fizeram críticas à Rússia, é uma coisa normal. O objetivo da reunião não foi fazer críticas aos EUA, foi fortalecer o grupo do Brics. Não estamos incomodados com isso, não”, afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Amorim, que acompanha Lula na cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, defendeu a aplicação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) na imposição de tarifas internacionais. O governo brasileiro já ameaçou acionar o órgão contra as medidas de Trump.

"Não é assim, né? Tarifa, para nós, é uma coisa que tem que obedecer às regras da OMC. Tarifas têm que ser negociadas, não são impostas assim por um país unilateralmente. Eu acho que não temos que viver num mundo de vontades individuais, mas num mundo negociado", opinou.

O auxiliar de Lula ponderou, ainda, que nem todas as ameaças e promessas de impacto feitas por Trump se concretizam, e o que importa, segundo ele, é a promessa da OMC de "reconstruir o mundo multilateral".

Além disso, Celso Amorim, fez uma previsão ao jornal O Globo: na avaliação dele, que já foi ministro das Relações Exteriores nos primeiros mandatos de Lula, órgãos como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o “banco do Brics” (NDB), hoje chefiado pela ex-presidente Dilma Rousseff, “acabarão tomando o lugar do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial” na ordem global.