BRASÍLIA - Para 71% dos brasileiros, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está errado ao impor tarifas de 50% aos produtos brasileiros por acreditar que existe uma perseguição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já os que acreditam que ele está certo somam 21%. Aqueles que não sabem ou não responderam representam 8%.
Os dados fazem parte de ampla pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20). Em julho, Trump assinou um decreto oficializando tarifas de 50% a parte dos produtos brasileiros importados pelos EUA. A redação final contou exceções de cerca de 700 categorias de produtos, o que deixou quase metade das exportações brasileiras de fora.
Para 51% dos brasileiros, Trump age com interesses políticos ao decretar o tarifaço. Já 23% afirmaram que ele age em defesa dos interesses comerciais norte-americanos, 2% disseram que foi por motivos pessoais e 2% disseram ser outros motivos. Os que não responderam ou disseram não saber são 22%.
A pesquisa da Quaest mostra que subiu o número de brasileiros que sabem da carta de Trump anunciando a taxação de 50% a produtos brasileiros. Em julho, 66% sabiam da notícia. Agora, são 84%. Outros 16% responderam que não sabiam (eram 33% antes). Os que não responderam ou não sabiam responder não atingiram 1%.
A Quaest entrevistou pessoalmente 2.004 pessoas, entre 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.
Maioria diz que Eduardo Bolsonaro age por interesses próprios
A maioria dos brasileiros culpa o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo tarifaço de Trump.
O levantamento aponta que 69% dos brasileiros consideram que o parlamentar defende interesses dele e da família Bolsonaro com sua atuação nos EUA, para onde se mudou em março. Para 23%, ele defende os interesses do Brasil. Já 8% disseram não saber ou não responderam.
Ao responder outra pergunta dos pesquisadores da Quaest, 55% dos brasileiros disseram que tanto Jair Bolsonaro como Eduardo Bolsonaro estão agindo mal diante do tarifaço dos EUA ao Brasil. Já 46% responderam que é Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quem age mal frente.
Os números são mais negativos para a família Bolsonaro quando abordado o tarifaço, com 31 pontos de desvantagem entre avaliação negativa e positiva, do que para Lula, que tem empate técnico entre os indicadores (46% responderam que Lula age mal e 44%, age bem).
Aprovação de Lula melhora pela segunda vez consecutiva
O instituto também avaliou a popularidade de Lula. A aprovação cresceu pela segunda vez consecutiva e chegou a 46%, uma alta de três pontos percentuais se comparada ao último levantamento, realizado em julho.
A desaprovação recuou no limite da margem de erro, de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e foi a 51%. Em julho, 53% disseram reprovar a gestão petista.
O resultado confirma a tendência de recuperação da avaliação iniciada na pesquisa anterior, de julho, e representa a maior aprovação desde janeiro, quando marcou 47%.
A recuperação ocorreu principalmente na região Nordeste, a única em que ele é mais aprovado do que desaprovado. Lula ganhou 7 pontos de aprovação, pulando de 53% para 60%. A desaprovação caiu para 37%.
Também houve melhora na região Sul, onde a aprovação foi de 35% para 38% – a desaprovação permaneceu em 61%. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, os que aprovam o governo cresceram de 40% para 44%, e a reprovação caiu de 55% para 53%.
Quando perguntados sobre a economia nos últimos 12 meses, 22% entendem que melhorou, ante 21% em julho e 18% em maio. Os que acreditam que a economia piorou se mantiveram em 46% de julho para agosto, e os que consideram que está do mesmo jeito equivalem a 30%.
CEO da Quaest, Felipe Nunes diz que a melhora na aprovação de Lula é fruto da combinação desses fatores políticos e econômicos, conforme outros dados obtidos no levantamento mais recente do instituto.
“A percepção do comportamento do preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Ao mesmo tempo, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais”, disse Nunes.
“Menos pressão inflacionária somada à imagem de um presidente que reage a desafios externos ajudam a explicar o avanço de sua aprovação neste momento”, completou.