BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou nesta quinta-feira (7/8) para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Eles conversaram sobre o cenário econômico internacional e a imposição de tarifas pelos Estados Unidos. Brasil e Índia são, até o momento, os dois países mais afetados.
Na quarta-feira (6/8), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifa adicional de 25% à Índia, elevando a sobretaxa para 50%. Assim, a sanção tarifária da Índia imposta pelo governo norte-americano se iguala à do Brasil.
Lula e Modi conversaram por cerca de uma hora e, segundo nota do Palácio do Planalto, “reafirmaram a importância de defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, além de explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”.
Os dois também conversaram sobre a meta de aumentar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Para isso, concordaram em ampliar a cobertura do acordo entre Mercosul e Índia. Trocaram informações sobre as plataformas de pagamento virtual dos dois países, incluindo o PIX e a UPI indiana”, de acordo com o Planalto.
Lula confirmou a Modi que fará uma visita de Estado à Índia no início do próximo ano. Como preparação, o vice-presidente Geraldo Alckmin irá à Índia em outubro para reunião do Mecanismo de Monitoramento de Comércio. “A delegação contará com ministros e empresários brasileiros para tratar de cooperação na área comercial, de defesa, energia, minerais críticos, saúde e inclusão digital”, diz o comunicado.
Pela redes sociais, Modi disse que teve “uma ótima conversa” com Lula. “Estamos comprometidos em aprofundar nossa parceria estratégica, inclusive nas áreas de comércio, energia, tecnologia, defesa, saúde e muito mais. Uma parceria forte e centrada nas pessoas entre as nações do Sul Global beneficia a todos”, escreveu no X.
Lula também ligou para a presidente do México
Há duas semanas, Lula telefonou para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que também foi alvo de tarifaço do presidente Donald Trump no início deste ano.
Nota do Planalto diz que Lula “ressaltou a importância de aprofundar as relações econômicas e comerciais” entre Brasil e México, “principalmente diante do atual momento de incertezas”.
A partir disso, foi acordada a visita oficial de Alckmin ao México em 27 e 28 de agosto, em uma comitiva com empresários e outros ministros do governo Lula. Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem liderado as negociações brasileiras em reação ao tarifaço de Trump.
Índia e Rússia prometem fortalecer parceria
Também nesta quinta-feira, o assessor de segurança nacional da Índia, Ajit Doval, conversou com o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu. No encontro realizado em Moscou, eles enfatizaram seu compromisso com uma “parceria estratégica”. Doval disse esperar uma visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin, até o fim do ano.
A Rússia também integra o Brics. Os países do bloco se tornaram alvo de Donald Trump por, entre outras coisas, o grande comércio com Rússia e China. O norte-americano tem prometido sancionar quem comprar petróleo russo, sob alegação de que isso alimenta o país na guerra contra a Ucrânia. Índia e China se tornaram os principais compradores de petróleo russo desde que Putin ordenou a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022.
A China enfrenta ameaças de tarifas dos EUA superiores a 100%, levando ambos os países a negociações contínuas sobre o futuro das relações comerciais. A Rússia, por sua vez, está sob as mais severas sanções da história, impostas não apenas pelos EUA, mas também pela União Europeia e Reino Unido, por causa da guerra com a Ucrânia.